LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
A Auditoria Geral do Estado (AGE) confirmou a existência de irregularidades na estrutura do Ginásio Poliesportivo Aecim Tocantins, em Cuiabá. O órgão concluiu a sindicância que apurava as falhas encontradas no local, apontadas em um relatório elaborado pelo superintendente do Complexo do Verdão, Joubert Brito de Lima, no primeiro semestre de 2012, ao qual o
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A obra custou R$ 26 milhões aos cofres públicos e foi executada pela empresa Lotufo Engenharia e Construções Ltda. Porém, em menos de cinco meses de uso, o ginásio passou a apresentar problemas estruturais que, segundo Lima, podem vir a comprometer o espaço de ser sede de novos eventos esportivos.
De acordo com o auditor-geral do Estado, José Alves Pereira Filho, a existência de falhas na estrutura da obra foi atestada no relatório final elaborado pela AGE, recebido, em 23 de novembro de 2012, pela Secretaria de Estado de Esportes e Lazer.

"Os trabalhos foram concluídos no dia 14 de novembro e há a confirmação das falhas já apontadas no relatório elaborado pela Superintendência do Complexo do Verdão"
“Os trabalhos foram concluídos no dia 14 de novembro e há a confirmação das falhas já apontadas no relatório elaborado pela Superintendência do Complexo do Verdão. O processo administrativo contra a empresa está correndo na Secretaria de Esportes. Não é a Auditoria Geral do Estado que vai decidir se a empresa vai será declarada inidônea ou não”, disse.
Pereira Filho afirmou que foi realizada uma auditoria na obra e que a empresa Lotufo foi notificada a prestar esclarecimentos durante a elaboração do parecer da AGE - mas que nem tudo foi esclarecido.
“Em alguns pontos, continuamos entendendo que houve falha na execução da obra, e a empresa precisa reparar. Mas a Comissão de Processo Administrativo é que precisa determinar se isso será feito”, observou.
O auditor-geral confirmou ainda que o valor integral da obra foi pago à Lotufo pelo Governo do Estado, e que não há saldo devedor com a empresa. No entanto, ele ressaltou que não é papel da AGE definir se alguma penalidade será aplicada e qual a sanção prevista para a empresa.
“Agora cabe à comissão instituída analisar as provas que estão nos autos e tomar uma decisão. Finalizado o processo, a empresa será notificada a realizar os reparos necessários, por exemplo, sob pena de ter uma multa aplicada, sofrer uma advertência, ser inscrita como empresa inidônea, ser suspensa, enfim. É do relatório da comissão que sairá a sanção”, explicou.
Sem conhecimento
Procurado pela reportagem, o superintendente do Complexo Verdão afirmou que desconhece a chegada do relatório elaborado pela auditoria, apesar dele ter sido recebido, na data de 26 de novembro, pelo então secretário da pasta, José de Assis Guaresqui.
“Eu desconheço a entrada desse documento, elaborado pela AGE, na secretaria”, disse.
A Secretaria de Esportes e Lazer afirmou que está em período de transição de gestores, e que irá se inteirar do caso para comentar o assunto.
Thiago Bergamasco/MidiaNews
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"O relatório foi concluído. Agora é com a Seel"
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Obra comprometidaEssa não é a primeira vez que o Aecim Tocantins apresenta problemas estruturais. Apesar de ser referência na Capital, e continuar sediando campeonatos importantes desde a sua inauguração, em 2006, a obra apresenta falhas “ainda sem solução sob responsabilidade da empresa Lotufo”, conforme o relatório.
Em setembro do ano passado, Lima mostrou à reportagem todos os problemas relatados no documento, como a ausência de instalação da rede elétrica no estacionamento, o que obriga a administração, durante os eventos noturnos, a fazer uso de geradores para garantir a iluminação externa.
As rampas que dão acesso às arquibancadas também são alvos constantes de reclamação por parte da administração, uma vez que o desnivelamento do terreno, que segundo o superintende deveria ter sido resolvido durante o aterro para construção do ginásio, faz com que elas acumulem água durante a chuva.
“As falhas podem comprometer a sede de eventos, sem dúvida alguma”, disse Lima.
Trincas em pisos e azulejos, bem como a má colocação das placas de isopor nos forros – que são levados pelo vento e deixam grandes buracos no teto das salas – e o piso atual da quadra poliesportiva – cimento, no lugar da madeira contratada – também são problemas encontrados.
“Não tem um ralo para escoamento de água, porque, inicialmente, aqui seria um piso de madeira e não precisaria ser molhado. Aí, eles decidiram fazer esse piso de cimento, até se resolver a questão da madeira. Esse piso, que era provisório, virou eterno”, observou.
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