A saída e posterior retorno à prisão do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, suspeita de operar um esquema que venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), teve grande repercussão após fotos dele em estado esquelético serem divulgadas em todo o país.
Andreson foi preso em Cuiabá, no dia 26 de novembro de 2024, no âmbito da Operação Sisamnes, da Polícia Federal, que investiga crimes como organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional.
Após oito meses preso, sendo os quatro últimos no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, o lobista foi colocado em prisão domiciliar por decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 17 de julho.
A medida teve como base um laudo médico que apontou risco de morte em razão do quadro clínico grave apresentado por Andreson, que poderia estar associado a complicações decorrentes de cirurgia bariátrica realizada em 2020.
Reprodução
O lobista Andreson Gonçalves, em estado esquelético
Durante o período em que esteve detido em Mato Grosso, a Justiça havia autorizado que ele recebesse uma alimentação especial, após a constatação de que já havia perdido nove quilos em dois meses de detenção.
Menos de três meses depois, Andreson foi novamente alvo de operação da Polícia Federal, enquanto cumpria prisão domiciliar em sua casa em Primavera do Leste (234 km a leste da Capital). Não foram divulgados detalhes da operação, que é sigilosa e foi cumprida por determinação do ministro Cristiano Zanin.
Já em 12 de novembro, o lobista voltou a ser preso pela Polícia Federal. Na ocasião, a decisão relatava que Andreson teria encenado o estado de desnutrição, por meio de greve de fome voluntária, que resultou nas chocantes fotos amplamente divulgadas pela imprensa nacional.
Quatro meses depois de Andreson ter sido colocado em prisão domiciliar, a PF informou ao STF que ele havia se recuperado e suspeitava que a suposta piora tivesse sido simulada. Com base nesse relatório, o magistrado revogou o benefício e mandou o lobista de volta ao presídio. A decisão está sob sigilo.
Conforme apurado pela reportagem, o lobista foi transferido para Brasília após a prisão, e deve retornar ao Complexo Penitenciário da Papuda, onde permanece detido.
Operação Sisamnes
As investigações tiveram início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrida na capital mato-grossense, em 5 de dezembro de 2023, na saída de seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.
Durante a apuração do crime, o celular de Zampieri foi apreendido, e o Ministério Público Estadual (MPE) encontrou conversas comprometedoras dele com desembargadores. Assim, o material foi encaminhado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O CNJ, então, identificou suspeitas de que Zampieri comprava decisões judiciais de desembargadores do TJ-MT, entre eles Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, ambos afastados dos cargos. As mensagens ainda revelaram relação próxima com o lobista, que afirmava ter acesso a gabinetes de ministros do STJ.
De imediato, a família pediu o direito pessoal do sigilo para as conversas do advogado no WhatsApp e requereu a posse do aparelho celular. Depois, se descobriu o pivô do esquema, o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves. Segundo a Polícia Federal, ele fazia dupla com Zampieri para alterar decisões judiciais com oferta de propina.
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