Bairros estão sem água; Sanecap continua em greve

Moradores da região do Coxipó e de vários outros bairros da Capital estão passando por dificuldades, com a falta de abastecimento de água. Crianças estão deixando de ir às aulas por não terem como tomar banho e parte do comércio está fechando por estarem sem água. A situação caótica já dura uma semana em alguns bairros, como o Bela Vista, na periferia da Capital.

Em denúncias enviadas ao MidiaNews, os cuiabanos reclamam da falta de informação por parte da Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap) e apontam descaso por parte da administração pública que, por não entrar em acordo com os servidores - em greve desde a última segunda-feira (12) –, prejudica toda a população.

A situação deve ficar pior a partir desta quinta-feira (15), quando a metade dos cuiabanos que ainda tem acesso à água tratada deverá sofrer também com a falta de abastecimento. Isso porque o abastecimento na Capital é feito de modo alternado (dia sim, dia não).

A assessoria da Sanecap afirmou que, durante assembleia-geral realizada na manhã de hoje, os servidores asseguraram que não irão deixar as Estações de Tratamento sem manutenção e irão resolver rapidamente a falta de abastecimento em regiões que tenham creches, hospitais e escolas.

De acordo com a assessoria, o problema na ETA Tijucal, que abastece parte da região do Coxipó e o Norte da Capital, já foi resolvido no início da noite de ontem (14).

O problema que ocorreu no ETA do bairro Ribeirão do Lipa, na madrugada desta quinta-feira (15), também deverá ser resolvido logo. Segundo a assessoria, uma equipe de técnicos saiu na manhã de hoje para a Estação, para realizar o conserto e voltar o abastecimento normal.

A assessoria frisou ainda que a ligação de abastecimento de água da maioria dos bairros de Cuiabá é feita manualmente, pelos operários manobristas. Com a greve mantendo apenas 30% dos servidores em ação, o abastecimento acaba comprometido.

Quanto ao bairro Bela Vista, especificamente, a Sanecap afirmou que se trata de um "problema crônico" e que, normalmente, os moradores recebem auxílio de caminhões-pipa enviados pela Companhia. No entanto, com a greve, o problema agravou-se e só poderá ser totalmente regularizado com o fim do movimento.

De braços cruzados desde o início da semana, os 450 servidores da Senacp reivindicam uma melhor proposta, por parte do prefeito Chico Galindo (PTB), para o Plano de Demissão Voluntária (PDV).

A categoria pede pelo pagamento de 24 meses de indenização para cada servidor que quiser se desligar da empresa. Apesar da Companhia de Águas do Brasil (CAB Ambiental), que será a gestora dos serviços de água e esgoto da Capital, garantir a estabilidade dos servidores por seis meses, isso não é considerado o suficiente pela categoria.

Na noite de ontem (14), uma nova proposta foi feita pelo município, assumindo o compromisso de pagar R$ 25 mil para cada servidor que ingressou na Companhia por meio de concurso público realizado em 2002, e R$ 15 mil para aqueles que contratados pelo concurso de 2009.

Além disso, o Município prometia disponibilizar R$ 2 milhões à Justiça Trabalhista para a quitação de direitos reivindicados pelos servidores, assegurando a liberação desses recursos no dia 20 de abril.

Durante a assembleia-geral desta manhã, os servidores voltaram a rejeitar a proposta feita pelo prefeito Chico Galindo.

Quem deve intermediar as negociações entre os servidores e o Município, a partir de agora, é o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT). Uma audiência entre as partes já foi agendada pelo órgão para sexta-feira (16), às 13h.

A reportagem tentou contato com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental (Sintaesa), Ideueno Fernandes, mas ele não retornou às ligações até a edição desta matéria.