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POLÊMICA DOS DIPLOMAS
23.07.2013 | 13h31 Tamanho do texto A- A+

CRM-MT suspende registros de médicos estrangeiros

Categoria suspendeu atendimentos nesta terça; greve não está descartada

Mary Juruna/MidiaNews

Presidente do CRM-MT, Dalva Neves: registros sem Revalida não serão assinados

Presidente do CRM-MT, Dalva Neves: registros sem Revalida não serão assinados

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
O Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) não irá emitir registros provisórios ou definitivos a médicos formados em outros países que não tenham sido aprovados na prova de revalidação do diploma e tenham certificado de proficiência [nível intermediário ou superior] em Língua Portuguesa.

A resolução de número 04/2013 foi aprovada em sessão plenária realizada no dia 16 de julho.

Como o MidiaNews antecipou, em entrevista com a presidente do CRM-MT, Dalva Neves, na semana passada, o conselho afirmou que a medida tem por objetivo barrar a atuação de profissionais não qualificados em Mato Grosso e segue a determinação do Ministério do Educação (MEC).

"O Revalida foi criado pelo Governo Federal como um programa para ver se o médico tem ou não condição de atender o povo brasileiro. Eu não irei assinar essas carteiras"

“O Revalida foi criado pelo Governo Federal como um programa para ver se o médico tem ou não condição de atender ao povo brasileiro. Eu não irei assinar essas carteiras”, disse a médica.

Antes da derrubada da exigência do Revalida pelo Governo Federal, como parte da Medida Provisória 621 – que cria o programa “Mais Médicos” –, a legislação previa que o médico formado em qualquer faculdade estrangeira deveria revalidar seu diploma para atuar no país.

A aprovação no teste asseguraria que o candidato cursou as disciplinas mínimas que o país considera necessárias para o exercício da função. Outro ponto observado é se houve treinamento com carga horária compatível com a aplicada no Brasil.

“Desde que eles sejam capacitados, os médicos estrangeiros são bem-vindos. Ma,s que passem pelos trâmites legais existentes em qualquer país, como funcionava antes ou como qualquer médico daqui tem que passar se for para qualquer outro país”, defendeu a presidente do CRM-MT.

O exame de revalidação exige dos candidatos comprovação documental dos cursos realizados e resultados positivos em provas teóricas, práticas, cognitivas e deontológicas.

Segundo Neves, a medida protege a sociedade da atuação de profissionais ruins e contra falsos médicos.

“A nossa preocupação é que a população seja amparada por profissionais bem capacitados e preparados”, afirmou.

Protesto


Em protesto contra o programa “Mais Médicos”, o fim do Revalida e os vetos parciais dados pela Presidência da República à Lei do Ato Médico, os médicos de Mato Grosso – assim como de outros dez estados brasileiros – suspenderam o atendimento eletivo nesta terça-feira (23), em todo o Estado.

"A nossa preocupação é que a população seja amparada por profissionais bem capacitados e preparados"

“São medidas arbitrárias, que demonstram total desrespeito com os médicos brasileiros e também com a população. A nossa categoria está unida e vai lutar para reverter esse quadro. Nosso maior objetivo é garantir que todo cidadão brasileiro tenha o seu direito de receber um atendimento digno, de qualidade e por profissionais capacitados”, afirmou a presidente do CRM-MT.

Apenas os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos, bem como as escalas de plantão.

Consultas e exames serão reagendados para que os pacientes não sejam prejudicados, segundo o CRM-MT.

Na tarde de hoje, será realizada uma assembleia-geral, na sede do CRM-MT, para determinar os rumos do movimento.

A medida integra calendário nacional da categoria que lançou o Movimento “Médicos Pela Saúde”, em busca de mais investimentos do governo e garantia de condições para cuidar adequadamente da população.

Também haverá paralisação nos dias 30 e 31 de julho.

Seguindo a onda nacional já divulgada em nota oficial pela a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), o CRM-MT deverá realizar uma nova assembleia a partir do dia 10 de agosto para deliberar sobre a adesão ao movimento nacional de greve por tempo indeterminado, caso as reivindicações da categoria não sejam atendidas.

"Desde que eles sejam capacitados, os médicos estrangeiros são bem-vindos"

Briga judicial


O Conselho Federal de Medicina (CFM) já acionou a Justiça, por meio de uma ação civil pública, onde pedem pela suspensão do programa “Mais Médicos”, que tem por objetivo suprir o déficit desses profissionais no interior do país.

A ação civil pública foi protocolada na noite da última sexta (19) na 22ª Vara da Justiça Federal do DF. O processo foi distribuído automaticamente pelo sistema eletrônico da corte para a juíza Roberta Gonçalves da Silva Dias do Nascimento.

Na ação, o CFM pede aos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) que só realizem o registro provisório dos médicos que aderirem ao programa mediante a apresentação da revalidação do diploma expedido fora do país e do certificado de proficiência em língua portuguesa - o que já está valendo em Mato Grosso desde a semana passada.

Organização


Em Mato Grosso, as ações são organizadas pelo CRM-MT, Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT), Associação Médica (AMMT) e Academia de Medicina.

No Brasil, o calendário nacional é coordenado pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), além das faculdades.

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Marcelo   24.07.13 09h26
A categoria está pressionada... primeiro foi o veto ao ato médico, agora a contratação de médicos estrangeiros. QUEM TEM COMPETÊNCIA SE ESTABELECE. Seja ele médico, advogado, camelô, etc. O que não podemos aceitar é pessoas morrendo em fila do SUS, ou até mesmo esperando alguns meses para ser atendido por um plano de saúde ou particular. Se falta profissionais, seja a área que for, temos que ter uma alternativa.
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AMILCAR XIMENES  24.07.13 01h48
A PROPÓSITO DO PROGRAMA “MÉDICOS PARA O BRASIL” DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, A FALSA DICOTOMIA: OU A PRECARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E SALÁRIOS OU MÉDICOS ESTRANGEIROS. Sem um carreira de estado para servidores da saúde, e federalizada, com segurança jurídica, não se resolverá os problemas do atendimento da demanda Atenção Básica de Saúde das periferias das grandes cidades e municípios remotos. O ministério da saúde esqueceu-se da estratégia exitosa da antiga fundação SESP? Os profissionais de saúde, notadamente médicos não podem estar sujeitos a mudança do humor do gestor paroquial municipal, que em ultima instância, não tem interesse político de garantir-lhe estabilidade, pois ele pode desafiar a sua hegemonia política. Nenhuma estratégia de saúde, de atenção básica, será levada a efeito, com otimização máxima, sem um padrão nacional federalizado. E para isso não bastam recursos financeiros de destinar 10% do orçamento para a saúde. O clientelismo e o patrimonialismo do paroquialismo municipal, distorce qualquer estratégia de saúde, de atenção básica, em beneficio da sua(do gestor de plantão) emergência “política” do mandato. O que se verifica na maioria esmagadora dos municípios brasileiros, que não dispõem da segurança jurídica, de plano de cargo, carreira e salário, é que o prefeito oferece inicialmente salário atrativo, e logo que tem a sua emergência "política'" atendida, reduz o salário do médico, levando-o a pedir demissão. E isso quando paga. A categoria médica se dispõe até a serem profissionais nômades, para atender às necessidades nacionais, mas com uma carreira de estado, com plano de cargos carreira e salarios condígnos, tendo como paradigma aceitável a Magistratura Federal. Com a palavra os parlamentares federais.
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Cleber  23.07.13 20h16
Muitos dos que criticam as atitudes dos orgaos relacinonados a medicina nao sabem o que estao falando, e com toda certeza devem ter plano de saude, pois se conhecessem de fato o que passamos no interior nao falariam isso. Em relacao aos maus medicos, cabe a populacao denunciar ao crm para que seja tomadas as medidas providencias. Nao se deve generalizar. Aos que pensam que quem está na medicina, com toda certeza nao sabem o que passamos para conseguir a autorizaçao para realizarmos a medicina e as condiçoes a quais nos submetemos para prestar um serviço de qualidade a populaçao. Se conhecessem a realizadade, a verdadeira realizadade, nao aquela mostrada pelo governo, mas a que é mostrada pelos profissionais da saude provavelmente nao falariam que é por questoes financeiras. Saude nao é so o medico. Medico faz parte de um sistema a qual nao é composto apenas pelos profissionais. É necessario estrutura, algo que o governo nao menciona em seus pronunciamentos. Querem medicos provisorios em locais sem estrutura com a intençao de melhorar a saude. O que estamos lutando é por estrutura, mais leitos, exames e por ai vai... com estrutura o medico vai pra qualquer lugar... E pra quem insiste em dizer que o problema é quantidade de médicos, busque conhecer a saude no Canada. Canada e Brasil tem praticamente a mesma proporcao de medicos/1000habitantes e tem uma das melhores saude publica do mundo. A diferença é gestao competente.
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alexandro coelho  23.07.13 18h32
você ao posto de saúde não tem medico ,na policlínica também não ,no pronto socorro fica no corredor ate morrer ,e quando o governo quer trazer mais medico a categoria se revolta porque são estrangeiro e se fosse brasileiro? também fariam greve vejo que se trata de um verdadeiro monopólio formado na área da saúde .
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Carlos Falone  23.07.13 17h04
Não acredito nesta preocupação explicitada pelos médicos de proteger a população de maus profissionais. Me intriga "só agora", com o advento do projeto Mais Médicos" os doutos profissionais se posicionarem sobre o assunto. Posso até estar enganado, mas, acredito que estão mais preocupados em "não perder dinheiro" do que qualquer outra coisa. Os médicos não vão para lugares mais afastados eles gostam é dos grandes centros, e, já faz tempo que a Medicina era bem ensinada, não vejo o porque de se acharem tão excepcionalmente bons que não possam conviver com os colegas de outros paises, e não estou falando de Cuba, Bolivia, ou outros, tem interessados da Espanha, de Portugal, da Grecia, mas, nossos médicos são melhores, porém, nem eles passam na prova do "Revalida" - por isso a maioria não faz - e é feita justamente para impedir a vinda de estrangeiros, Isso é conversa dos Playboys e velhos metidos a Gaga. Obs.: Não fiz comentários para generalizar, existem, com certeza, grandes profissionais da Medicina no Brasil, isso não se discute.
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