LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Cerca de 150 operários da Trincheira da Jurumirim, na Avenida Miguel Sutil, irão retomar os trabalhos no canteiro de obras na segunda-feira (26), após permanecerem de braços cruzados por uma semana, em protesto por falta de condições de trabalho.
Os funcionários fecharam um acordo com o Consórcio Sobelltar-Secopa, responsável pela execução da obra, e concederam um prazo de dez dias para que se cumpram os itens selados com a categoria, sob risco de nova paralisação na obra.
Os operários reclamavam que a empresa não estaria reembolsando as despesas contraídas durante as viagens para seus estados de origem – até mesmo, descontando a folga do operário da folha de pagamento. O salário, porém, continuaria sendo pago em dia.
Além disso, a falta de abertura de novas frentes de obras devido à falta de material e de dinheiro, por parte do consórcio, também estaria desestimulando os funcionários, que se viram “amarrados” à obra, sem terem os contratos rescindidos por falta de recursos da empresa para arcar com as dívidas trabalhistas.
A proibição, por parte do Ministério do Trabalho e Emprego, na flexibilização das horas-extras também é criticada pelos operários. Muitos deles são de fora do Estado e veem no trabalho extra uma oportunidade de aumentar a sua renda.

"Nós vamos voltar para a obra na segunda-feira, mas não tem serviço para todo mundo. Metade dos trabalhadores vai ficar andando de um lado para o outro, porque não tem como abrir novas frentes de trabalho"
Ao
MidiaNews, o ajudante de obras Marcos Souza, 40, contratado há sete meses para trabalhar na obra, confirmou que o consórcio se comprometeu a realizar algumas melhorias nas condições de trabalho dos operários.
“Eles se comprometeram a melhorar a qualidade da alimentação fornecida para a gente e o pagamento retroativo ao tempo de contratação de 30 minutos por dia de hora extra aos funcionários, relativo ao tempo de percurso de casa até o serviço, todos os dias”, disse.
Segundo Souza, o fornecimento de cesta básica – que já deveria estar sendo realizada desde fevereiro e que está prevista na Convenção Coletiva – também foi prometida pelo consórcio.
“Além disso, o funcionário que é de outro Estado não precisará mais trabalhar 90 dias para poder a família. Agora, o tempo de trabalho será de 60 dias, aí ele terá direito à viajar e ficar um fim de semana e mais três dias de folga com os familiares”, afirmou.
A questão da hora extra, porém, continua sendo um obstáculo para os operários. A falta de serviço, devido à falta de material, também é ressaltada pelo operário.
“Eles prometeram que o que der para ser feito em hora extra, eles vão deixar. Mas os serviços só poderão ser acelerados quando a empresa receber o dinheiro do Estado, porque aí teremos como começar a etapa de terraplanagem", disse.
"Nós vamos voltar para a obra na segunda-feira, mas não tem serviço para todo mundo. Metade dos trabalhadores vai ficar andando de um lado para o outro, porque não tem como abrir novas frentes de trabalho”, completou.
Efeito greve no DNITSegundo o Governo do Estado, o problema de falta de recursos foi desencadeado há alguns meses, quando do início da greve dos servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o que afetou o repasse da 3ª parcela do convênio feito com o Governo do Esatdo, no valor de R$ 52 milhões.
O valor é usado para pagamento das medições realizadas nas seis obras contempladas no convênio, realizadas nas avenidas Miguel Sutil, Fernando Corrêa e FEB, na Grande Cuiabá.
Edson Rodrigues/Secopa
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Trincheira da Jurumirim: 40% dos serviços já foram executados
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Com a greve, o Estado se viu obrigado a aportar recursos próprios para “dar fôlego” às empresas. Até o momento, R$ 15 milhões já foram injetados.
A obraConsiderada a maior trincheira dentre todas que estão sendo construídas na Grande Cuiabá, a Trincheira da Jurumirim tem 960 metros de extensão e deve ser entregue até o final deste ano.
A obra se inicia um pouco antes da Avenida Dante de Oliveira (Trabalhadores) e segue até depois do cruzamento da Avenida Gonçalo Antunes de Barros (Jurumirim), próximo ao viaduto da Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA).
Segundo o último relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), a obra possui 40% dos serviços concluídos e preocupa os gestores, uma vez que é considerada uma das mais atrasadas dentre as obras de mobilidade urbana.
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