Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
HOMENAGEM A CUIABÁ
13.02.2013 | 18h01 Tamanho do texto A- A+

Samba de escola sobre capital de MT ainda provoca discussão

Ex-reitor de UFMT diz que houve "despreparo"; produtor cultural aponta "boa intenção"

G1

Carro alegórico "Cuiabá, a Cidade Verde: Portal do Paraíso' representa a Chapada dos Guimarães e o Pantanal

Carro alegórico "Cuiabá, a Cidade Verde: Portal do Paraíso' representa a Chapada dos Guimarães e o Pantanal

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
O desfile da Estação Primeira de Mangueira, na noite da última segunda-feira (11), ainda provoca polêmica entre os cuiabanos.

A escola de samba carioca, que neste ano teve como enredo “Cuiabá: Um Paraíso no Centro da América”, foi patrocinada pela Prefeitura Municipal com o montante de R$ 3,6 milhões, mediante contrato assinado no fim de 2012 com o então prefeito Chico Galindo (PTB).

Nas redes sociais, durante e após o desfile, cuiabanos se dividiam entre a emoção de ter a Cidade Verde como foco de uma grande escola do grupo especial do Carnaval carioca, enquanto outros faziam críticas a respeito das alegorias, adereços e, sobretudo, do samba-enredo cantado pela escola.

"Cuiabá prestou homenagem à Mangueira, não o contrário. Eles estavam sem dinheiro, nós os salvamos da falência e fizemos um papel ridículo", afirma ex-reitor da UFMT.

Para o médico e ex-reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Gabriel Novis Neves, 78, além de não retratar fielmente as belezas e cultura cuiabanas, o fato demonstrou o “despreparo” dos políticos que assinaram o contrato com a escola.

“Cuiabá prestou homenagem à Mangueira, não o contrário. Eles estavam sem dinheiro, nós os salvamos da falência e fizemos um papel ridículo. Temos quase 300 anos de história, de cultura para exportar. Isso foi resultado do despreparo dos inseguros homens que ocupam o poder”, afirmou.

Ele reclamou do samba-enredo da escola e da forma como a Capital foi apresentada ao resto do mundo, afirmando que a Mangueira não “vendeu” a imagem de Cuiabá.

“Cuiabá é chá-com-bolo, Adir Sodré, São Gonçalo Beira-Rio, Pacu, Rio Cuiabá, Centro Histórico... Cuiabá não é Amazônia, é Cerrado, Pantanal. Assistindo ao desfile, eu me senti humilhado, envergonhado. Estou ‘de luto’. Para mim, foi nota zero. Mas, foi decepção programada, já esperava por isso”, completou Novis Neves.

Carimbo da Rede Globo

O ex-reitor da UFMT observou, de outro lado, que as críticas que acompanharam o desfile são resultado do "complexo de inferioridade" dos cuiabanos.

"Nós temos um complexo de inferioridade genético. Só somos bons se a televisão disser que sim. Só aceitamos a nossa beleza se ela vier com um carimbo da Rede Globo", criticou.

Incentivo válido

O cineasta e produtor cultural, Bruno Bini, 35, disse que achou a iniciativa do Município válida, com boas intenções, mas que o resultado deixou a desejar.

"Matematicamente falando, foi um investimento interessante e a intenção foi boa. O desfile foi bonito, mas aquilo lá não é Cuiabá", diz Bruno Bini.

Para Bini, faltou um controle maior por parte dos representantes públicos do que seria apresentado pela escola, durante o desfile na Marquês de Sapucaí, por não se tratar de uma homenagem gratuita, mas sim um serviço que foi comprado.

“Não sei como o processo se deu. Mas, existia um contrato. Não teve o acompanhamento de quem contratou, uma avaliação prévia do que iria ser passado na avenida? Ou ficou um campo em aberto, a critério da escola? Para mim, o desfile foi uma sucessão de equívocos: a cultura e a história cuiabana não foram para a avenida. Eles privilegiaram temas que são desconhecidos até para parte da população cuiabana”, disse.

O produtor cultural ressaltou ser a favor de que os órgãos públicos apoiem manifestações culturais, seja por meio de leis de incentivo fiscal ou diretamente, como foi o caso do patrocínio dado pela Prefeitura de Cuiabá à Mangueira.

Segundo Bini, o único questionamento a ser feito a respeito do desfile é o “resultado do projeto”.

“Matematicamente falando, foi um investimento interessante e a intenção foi boa. O desfile foi bonito, mas aquilo lá não é Cuiabá. Se alguém quiser conhecer Cuiabá, não vai encontrar aquilo que foi apresentado na avenida. A Prefeitura comprou uma coisa e levou outra”, completou.

Sem comentários


Por meio da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Cuiabá informou que, por enquanto, o prefeito Mauro Mendes (PSB) não irá fazer qualquer pronunciamento sobre o desfile da escola carioca e a polêmica sobre a homenagem a Cuiabá.

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COMENTÁRIOS
19 Comentário(s).

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terezinha  14.02.13 14h10
Cadê a nossa viola de Cocho? e o Cururu e Siriri? bah!!!!!
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Valéria del Cueto  14.02.13 13h19
Digo, repito e explico quantas vezes forem necessárias, por que parece que é muito difícil de entender: o jequitibá citado no samba não diz respeito a Cuiabá. A Mangueira sempre foi intitulada O JEQUITIBÁ DO SAMBA. Vamos tentar interpretar o texto? "Mangueira o trem da emoção viaja na imaginação MEU SAMBA É MADEIRA É JEQUITIBÁ, é poesia dedicada à Cuiaba." Segundo deveríamos aprender nos banco escolares, o sujeito/madeira/JEQUITIBÁ é o samba da MANGUEIRA. E sua poesia é que é dedicada a Cuiabá. É tão difícil assim interpretar o que está descrito?
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Débora Zatoni  14.02.13 11h50
Concordo em tudo com as afirmações do ex - reitor !!!!!!
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Sebastião Waldir da Silva  14.02.13 10h56
Jequitibá é uma arvore de grande porte a região da Mata Atlântica! Alguém conhece a localização de uma em Cuiabá?
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orlando  14.02.13 10h49
Váras pessoa comprometidas com eswta Cidade haviam alertado sobre esses perigos todos, é o caso do prof. Gabriel N. Nevis, mas preferimos dar ouvidos aos que nem daqui são, demos ouvido às pessoas que no palanque falam "petche com maxixe", mas que nos bastidores criticam duramente a cidades e seus "nativos". AGORA É TARDE! A (escola) Mangueira já entrou e saiu e a gente nem viu nada... sobre Cuiabá.
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