LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Mais de 500 atendimentos deixaram de ser realizados pelo Hospital Metropolitano, em Várzea Grande, desde o início da greve dos médicos da unidade, deflagrada na manhã da última sexta-feira (21).
De acordo com o diretor técnico do Metropolitano, Alberto Bicudo, aproximadamente 150 consultas são realizadas diariamente na unidade (exceto aos sábados e domingos). Além disso, 15 cirurgias ortopédicas são feitas por dia no hospital de segunda a sábado.

"Todo o faturamento do Metropolitano cai na conta do Estado, não do hospital. Não sabemos por qual razão os repasses dos dois últimos meses não foram feitos"
A paralisação dos médicos foi motivada por atrasos nos repasses mensais feitos pelo Governo do Estado ao Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (Ipas), organização social responsável pela administração do Metropolitano, por meio de contrato assinado com a Secretaria Estadual de Saúde (SES).
“O Governo Federal paga todos os procedimentos realizados por meio do SUS (Sistema Único de Saúde) em dia e isso pode ser visto no Portal Transparência. Mas todo o faturamento do Metropolitano cai na conta do Estado, não do hospital. Não sabemos por qual razão os repasses dos dois últimos meses não foram feitos”, disse, em entrevista ao
MidiaNews.
Por mês, deveriam ser repassados pelo Estado à conta do Metropolitano R$ 2,1 milhões. O atraso nos repasses, conforme o Ipas, acaba por comprometer o cumprimento da folha de pagamento dos funcionários, bem como o pagamento de débitos contraídos com fornecedores e as demais despesas para manutenção do hospital.
Mais débitosOutro ponto de impasse entre o Ipas e o Estado é a respeito dos procedimentos especializados que foram realizados e que não são cobertos integralmente pelo SUS, razão pela qual foram usados recursos do fundo de reservas da unidade e que, posteriormente, se transformaram em dívidas.
De acordo com Bicudo, há uma dívida da SES com a unidade estimada em R$ 5 milhões. Com isso, o débito do Estado com a unidade seria de mais de R$ 9 milhões.
Esse valor é referente à realização de quase 100 cirurgias ortopédicas de alto custo – para as quais foram adquiridas próteses não cobertas pelo SUS – e que teriam sido determinadas pela Justiça, bem como 62 cirurgias bariátricas.

"Para a gente o mais importante são os pagamentos dos repasses mensais que estão atrasados, porque envolve pagamento de salários e manutenção do hospital"
Nesse montante estão inclusos ainda aproximadamente 70 procedimentos de assistência (entre cirurgias e fornecimento de medicação por seis meses) a mais de 25 mulheres infectadas por micobactéria em uma clínica de estética da Capital, em 2012.
“Para a gente, o mais importante são os pagamentos dos repasses mensais que estão atrasados, porque envolve pagamento de salários e manutenção do hospital. A dívida de R$ 5 milhões pode ser repactuada e paga em parcelas”, afirmou o diretor.
Reunião
Bicudo afirmou que uma nova reunião para “encontro de contas” será realizada entre as partes às 18h desta terça-feira (25), quando será avaliada a proposta feita pelo Estado para quitação dos débitos.
Caso a proposta seja aprovada, o atendimento na unidade voltaria ao normal já na quarta-feira (26).
“Se tudo for resolvido hoje, os médicos retornarão ao trabalho imediatamente”, afirmou.
Outro ladoAo
MidiaNews, a SES afirmou, por meio de assessoria, que reconhece apenas um mês de repasse em atraso, no valor de R$ 2,105 milhões.
A pasta afirmou que está com diálogo aberto com a categoria e discutindo os pontos referentes às dívidas não reconhecidas pelo Estado, devendo se posicionar sobre o caso ainda hoje.