PSD, DEM e PMDB polarizam a disputa pela Prefeitura

A disputa pela Prefeitura de Várzea Grande (segundo maior colégio eleitoral de Mato Grosso), nas eleições deste ano, caminha para se polarizar entre a situação, do prefeito Sebastião Gonçalves, o “Tião da Zaeli” (PSD), e os caciques do DEM, comandado pela oligarquia dos Campos.

Nesse cenário, o PMDB surge como terceira via e pretende emplacar uma candidatura alinhada com o Governo do Estado.

Apesar de a cúpula estadual do PSD já ter afirmado que Zaeli disputará a reeleição, e que ele tem todo o apoio do partido, o prefeito em exercício continua cheio de dúvidas. Ele afirma que ainda não definiu se disputará a reeleição, e chegou a dizer que está vivendo um conflito interno, por não se sentir confortável na política.

O prefeito enfrenta desgastes por ser representante de um Governo de continuidade da administração impopular de Murilo Domingos (PR). Para tentar descolar sua imagem da de Murilo, Zaeli começou a adotar o discurso de que nada podia fazer porque era "apenas" o vice-prefeito.

Para consolidar a ruptura com o ex-prefeito, o então republicano Tião da Zaeli resolveu deixar o PR e se filiar a uma outra sigla. Acabou escolhendo o novato PSD e, em setembro do ano passado, ele aproveitou a janela eleitoral aberta pela criação do partido e levou consigo metade da Câmara Municipal – 7 dos 13 vereadores migraram para o PSD.

No contexto estadual, ele conta com o apoio dos líderes do novo partido, como o presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PSD), e o vice-governador Chico Daltro (PSD). A composição que tem se desenhado para apoiar a reeleição do prefeito, até agora, inclui negociações com o PV e seu antigo partido, o PR.

Zaeli vem exercendo o cargo de prefeito sem interrupções desde agosto de 2011, após várias reviravoltas no comando do Paço Couto Magalhães, e depois de um tumultuado começo de ano em 2011.

No primeiro semestre do ano passado, a Prefeitura de Várzea Grande passou pelo comando de três prefeitos - Murilo, Zaeli e o então presidente da Câmara Municipal, João Madureira (PSC), que ocupou o cargo por cerca de 40 dias, durante o período em que titular e vice ficaram afastados por decisão do Legislativo.

“Oposição”

O DEM perdeu as últimas eleições para a dobradinha Murilo Domingos/Tião da Zaeli, e agora quer virar o jogo. O que atrapalha a escolha do partido para a disputa deste ano é a "inflação" de candidatos.

O partido sofreu um baque em setembro de 2011, quando toda a bancada democrata foi cooptada por Tião e resolveu migrar para o jovem PSD. A sigla perdeu quatro vereadores e dois suplentes. A base acredita que a solução, agora, é lançar o cacique-mor Jayme Campos para poder reerguer a sigla e reconquistar o poder no município.

Todos os outros pré-candidatos já declararam que abrem mão da candidatura, a qualquer momento, para que o senador encabece a disputa.

Jayme, porém, segue se esquivando da missão. Ora aponta a esposa, Lucimar Campos, como candidata da sigla, ora aponta o irmão, deputado federal Júlio Campos. O deputado, porém, já perdeu a última eleição, em 2008, e, muito provavelmente, não vai ser o escolhido para encarar novamente a corrida pela Prefeitura.

Outras possibilidades, ainda, são o empresário Wilson da Grafite, e o representante da nova geração da dinastia Campos, Júlio Neto, filho de Júlio Campos.

A tendência que vem se desenhando é que a escolhida para a disputa seja Lucimar. Apesar de o partido ter encomendado pesquisas eleitorais para avaliar a viabilidade de cada pré-candidato, ela já foi apontada por Júlio como "hour concours", ao lado do marido. Ou seja, se um dos dois decidir que vai ser candidato, ninguém no partido vai competir com eles pela posição.

Jayme já deixou escapar, durante entrevista coletiva, que sua esposa está entusiasmada com a possibilidade de disputar o comando do Paço Municipal Couto Magalhães.

Some-se a isso o fato de que a ex-primeira-dama vem participando de reuniões partidárias, onde faz discursos pelo fortalecimento do partido. A equação fecha com o lançamento de Lucimar como candidata a prefeita do DEM.

Terceira via

O PMDB também está decidido a entrar na disputa, e aposta no alinhamento com os governo estadual e federal para conquistar o voto dos várzea-grandenses. No cenário polarizado entre a situação e os Campos, os peemedebistas estão correndo por fora para tentar alcançar o primeiro lugar na corrida eleitoral.

Assim como o DEM, o PMDB encomendou pesquisas para definir o candidato. Após a desistência do secretário estadual de Cidades, Nico Baracat, e do empresário Alan Zanata, continuam no páreo pela vaga de candidato da sigla o deputado estadual Walace Guimarães e o empresário João Virgilio.

Walace tem dificuldade de aceitação na cúpula estadual do partido, por ter ter lançado sua esposa, Jaqueline Guimarães, como candidata a deputada federal pelo PHS, captando votos para outra coligação.

No entanto, ele tem mais viabilidade eleitoral que seu concorrente, e deve acabar referendado como o nome do PMDB para a disputa à sucessão de Tião da Zaeli.

Então, finalmente, Walace poderá realizar seu sonho de ser candidato a prefeito de Várzea Grande.

O deputado, que era filiado ao DEM nas últimas eleições municipais, teve seu projeto de candidatura a prefeito frustrado por duas vezes, e agora, com o apoio do governador Silval Barbosa (PMDB), provavelmente terá a sua chance.