O prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) afirmou que após o mandado de segurança protocolado pelo delegado Lindomar Tofoli, para anular a portaria que lhe transferiu da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários (Defaz), não há mais justificativa para a Assembleia Legislativa não investigar sua denúncia.
No início de dezembro, o prefeito denunciou aos deputados estaduais um suposto uso da Delegacia Fazendária para interesses políticos do Governo do Estado.
Segundo o prefeito, Tofoli e o delegado Anderson Veiga teriam recebido a incumbência de "incriminá-lo", com base em um boletim de ocorrência que o acusa de oferecer dinheiro a vereadores para cassar o mandato de Abílio Júnior (PSC), que responde a um processo por quebra de decoro na Comissão de Ética da Câmara.
Emanuel disse que os delegados se recusaram a investigá-lo por não encontrar elementos suficientes e que teriam sido ameaços de retaliação por parte da diretoria da Polícia Civil. Na mesma semana da denúncia, eles foram retirados de suas funções na Defaz.
“Ele [Lindomar Tofoli] está apontando perseguição política. Os elementos que ele usa na ação são materiais, mais que suficientes para a Assembleia ouvi-lo. A investigação vem somente após as oitivas. Depois de ouvir o Anderson, o Lindomar e o delegado-geral, Mario Dermeval, a Assembleia vai poder ter juízo de valor, se deve fazer investigação. Se deve arquivar, ou não. Mas, no mínimo, serem ouvidos. Não tem mais justificativa plausível para Assembleia não ouvi-los”, afirmou ao MidiaNews.
“Pedi que ouvissem os delegados. Agora, o delegado Lindomar fez um mandado de segurança e, entre as fundamentações, colocou a nossa denúncia, demonstrando que ele precisa ser ouvido para esclarecer os fatos”, acrescentou.
Mais cedo, durante conversa com a imprensa na inauguração da Estação Bispo Dom José, nesta terça-feira (17), Emanuel disse ter ligado para o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (DEM), cobrando que a casa tome providências sobre sua denúncia. Ele disse não entender as razões da inércia da Casa.
Botelho tem dito à imprensa que o caso somente deve ser apurado a partir do ano que vem, por conta de uma série de pautas que a Casa tem em sua última semana. O deputado Lúdio Cabral (PT) chegou a apresentar um requerimento cobrando a convocação de Tofoli e Veiga, mas a matéria sequer foi analisada pelos parlamentares.
“É uma análise de apreensão. Eu não sei o porquê. Eu liguei para o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho. Tenho falado constantemente com a deputada Janaina, com o deputado Lúdio Cabral e com o deputado Max Russi. Estou pedindo a eles. Se não for possível a convocação, que convide os dois delegados. É necessário que falem”, afirmou.
Victor Ostetti/MidiaNews
Emanuel: “Eu não estou denunciando de forma irresponsável ninguém"
“Eu não estou denunciando de forma irresponsável ninguém. Coloquei claramente uma suposta situação que quero que seja investigada. Eu preciso ter uma resposta. Deus queira que seja negativa. É tudo o que eu quero. Serei o primeiro a dizer que foi um equívoco se assim for. Agora, a inércia, a falta de ação, em uma denúncia formalizada, não pode ocorrer”, completou.
Entenda o caso
O prefeito protocolou na Assembleia Legislativa um pedido para que seja investigada uma suposta tentativa de articulação, feita na Polícia Civil, para lhe prejudicar.
Segundo apurou a reportagem, no documento entregue à AL, o prefeito relata que dois delegados teriam recebido a incumbência de "incriminá-lo", com base em um boletim de ocorrência feito por uma servidora da Saúde municipal.
No B.O., a servidora disse ter presenciado Emanuel pagando suposta propina a vereadores de Cuiabá para cassarem o mandato do colega Abílio Júnior (PSC).
O episódio teria acontecido no último dia 21, durante um jantar na casa do vereador Juca do Guaraná (Avante).
De acordo com informações que chegaram ao conhecimento de Emanuel, os dois delegados teriam sido expressamente orientados a lhe "detonarem".
Em nota, o delegado-geral da Polícia Judiciária Civil Mário Dermeval de Resende disse repudiar as alegações do prefeito. "A Polícia Judiciária Civil repudia veementemente as falas atribuídas ao atual prefeito de Cuiabá, constantes em matérias publicadas na imprensa, no sentido de que dois delegados de Polícia estariam sendo transferidos da Defaz por 'pressão política' ou por qualquer outro motivo que não seja absolutamente técnico e pautado no interesse da administração pública", afirmou, referindo-se à saída dos delegados Lindomar Tofoli e Anderson Veiga da Defaz.
"Tais declarações são infundadas e afrontam a inteligência da população, até porque os delegados citados sequer estão à frente das investigações ventiladas", acrescentou.
Ainda na nota o delegado confirmou que a Polícia Civil encaminhou ao Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco), do Ministério Público Estadual (MPE), a denúncia com base no boletim feito pela servidora.
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