LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Quem saiu de casa na manhã desta segunda-feira (27) sofreu com a ausência total dos ônibus nas ruas da Grande Cuiabá.
A greve dos motoristas teve início à meia-noite de hoje e afetou, no mínimo, 330 mil usuários que utilizam o serviço apenas na Capital.
Apesar da determinação do Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT-MT), para que 50% da frota fosse mantida em circulação durante a greve geral dos trabalhadores dos coletivos, nenhum ônibus saiu das garagens das empresas no horário previsto, às 5h.
Usuários da Capital reclamaram que ficaram por horas aguardando pelos coletivos, em vão. A cidade ficou sem a circulação de ônibus por, aproximadamente, cinco horas.
Segundo informações da Associação Matogrossense dos Transportes Urbanos (MTU), os motoristas descumpriram a liminar, não deixaram os veículos circularem e ainda houve depredação de dois carros – sendo um da União Transportes, em Várzea Grande e outro da Pantanal Transportes, em Cuiabá.
De acordo com a MTU, a ação foi igual nos dois casos: dois rapazes em uma motocicleta passaram pelos veículos estacionados, por volta das 9h, e atiraram pedras contra os vidros.
A MTU afirmou que, somente por volta das 10h, os veículos começaram a deixar as garagens.
Ao
MidiaNews, o diretor de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Terrestres de Cuiabá e Região, Erisvaldo Pereira, negou que a ocorrência de atos de vandalismo e afirmou que a decisão do TRT-MT já está sendo cumprida pelos motoristas.
Segundo Pereira, foram realizadas reuniões em frente às garagens das empresas de ônibus, de forma pacífica, para questionar aos motoristas se a liminar seria cumprida, o que foi acatado pelos trabalhadores por unanimidade.
“Aguardamos a chegada de todos os motoristas escalados para atender a escala de cumprimento da liminar do TRT e fizemos a reunião. Houve um atraso, mas a liminar está sendo cumprida e os ônibus já começaram a circular”, afirmou.
LiminarSegundo dados fornecidos pela MTU, a frota de veículos ativos que atendem à Cuiabá e Várzea Grande, hoje, é formada por 450 carros.
O sindicato patronal ingressou com uma ação no TRT-MT pedindo para que 100% da frota fosse mantida em circulação durante os horários de pico (6h às 8h; 11h às 13h; 17h às 19h) e que 70% fossem mantidos nos demais momentos.
Os empresários também solicitaram que fossem impedidos abusos durante o movimento grevista, como a dificuldade de acesso ao trabalho ou ameaça aos funcionários que não aderissem à paralisação e dano ao patrimônio das empresas ou às pessoas.
Na decisão, o presidente do TRT-MT, desembargador Tarcísio Valente, ressalta que a atividade desenvolvida pela categoria é indispensável ao atendimento às necessidades diárias da população, devendo, então, ser mantido 50% da frota de ônibus em circulação, independentemente do horário, durante todo o período da greve.
A liminar prevê ainda que os trabalhadores devem ter livre acesso às instalações das empresas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.
Acordo
Os empresários alegam que chegaram ao limite máximo de negociação, deixando agora a cargo da Justiça a intermediação das próximas negociações.
Será realizada, na próxima sexta-feira (31), uma audiência para tentativa de conciliação entre os sindicatos, na sede do TRT.
Os trabalhadores pedem por salário-base de R$ 2 mil e concessão de plano de saúde por parte das empresas.
A última proposta feita à categoria pelos empresários, porém, era de aumento de 10,6% no salário-base dos motoristas - hoje fixado em R$ 1,5 mil - e 10% de reajuste para os demais trabalhadores do setor.
Hoje, além do vencimento bruto, os motoristas contam com uma comissão que varia de R$ 73 a R$ 193, determinada conforme o número de passageiros transportados.
Com o reajuste, o abono pago ficaria entre R$ 82 e R$ 199.
Os empresários, porém, mantiveram o posicionamento de não conceder plano de saúde aos trabalhadores.