A partir desta segunda-feira (23), quem for pego transitando pelo corredor exclusivo para transporte coletivo e táxis (faixa da direita), implantado na Avenida Isaac Póvoas pela Prefeitura de Cuiabá, poderá arcar com multa de R$ 52 e três pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Quem ousar estacionar o veículo na faixa, ainda que por pouco tempo – prática comum para acesso comércio local –, poderá não mais encontrá-lo ao retornar, pois a ordem do Município é para que todos os infratores tenham o carro ou moto guinchados da via.
Ao ter o veículo recolhido para o pátio da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTU), o motorista deverá arcar com despesa pelo guincho (R$ 115 para veículos e R$ 118 para motos) e pela diária do veículo pelo tempo que ele passar apreendido.
Após a primeira semana de teste – apenas com orientação dos agentes de trânsito à população e sem aplicação de multas –, a avaliação do secretário da SMTU, Antenor Figueiredo, é positiva.
“A aceitação foi muito boa da sociedade e os motoristas estão respeitando. Foi um sucesso a implantação da primeira faixa exclusiva de transporte coletivo em Cuiabá”, afirmou.
"Houve a redução de uma faixa, o que ‘incomoda’ os motoristas, mas alguém tem que sofrer."
Segundo Figueiredo, os motoristas já pararam de estacionar ao longo da via, mas ainda há aqueles que, mesmo sabendo ser proibido, usam a faixa para realizar ultrapassagens.
“Mas, estamos de olho nesse pessoal. Todos foram orientados e a partir da semana que vem, o jogo está valendo”, disse.
O uso da faixa só é permitido em alguns trechos para os motoristas que precisarem virar à direita nas ruas que seguem em direção ao Porto.
“Existe uma sinalização específica, que é uma faixa pontilhada. A partir dela, o motorista já pode entrar na faixa para fazer a curva sem qualquer risco de tomar uma multa”, explicou o secretário.
Aprovação
A medida, que visa organizar o trânsito em algumas das principais avenidas da Capital e melhorar a vida dos usuários de transporte coletivo, divide opiniões dentre os motoristas, os comerciantes da via e os usuários de ônibus.
Reprodução |
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Secretário da SMTU, Antenor Figueiredo: multas e guincho para quem "invadir" o corredor exclusivo |
Defensor da tese de a maior razão para o problema viário da Capital é a falta de planejamento urbano e o crescimento desordenado da cidade – e da frota de veículos –, Oliveira afirma que a resistência dos motoristas ao novo projeto é algo “normal e esperado”, porque foi tirada do motorista a comodidade de ter mais faixas para transitar ou estacionar.
“É uma quebra de cultura, mas que visa conciliar o transporte individual com o coletivo. Houve a redução de uma faixa, o que ‘incomoda’ os motoristas, mas alguém tem que sofrer. A prioridade, nesse caso, é o usuário de transporte coletivo, que se trata de uma maioria que não tem veículos particulares para se deslocar pela cidade”, afirmou.
Ao MidiaNews, o engenheiro ressaltou que a implantação de corredores exclusivos pelas avenidas da Capital só traz benefícios à população.
“Porque um dos objetivos dessa intervenção no sistema viário é propiciar ao transporte coletivo uma velocidade maior, garantindo a frequência de viagem no sistema e reduzindo o tempo de espera nas paradas e de viagem dos usuários”, explicou.
Moradora do Coxipó, Deise Barros, 34, precisa pegar ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho, em uma loja no centro da cidade.
No início não muito favorável ao projeto, ela disse já ter notado uma redução no tempo que o coletivo leva para descer toda a Avenida Isaac Póvoas nos horários de pico.
"Eu acho que temos considerar isso como positivo, porque se trata de organizar o transporte coletivo"
“Achei que isso iria apenas aumentar o congestionamento, mas depois dessa semana percebi que, sem precisar ficar desviando dos carros, o ônibus anda realmente mais rápido pela avenida. Quando vejo, já está na hora de trocar de linha”, disse.
A expectativa da SMTU é de que o ônibus, que normalmente trafegava a 13 km/h na Avenida Isaac Póvoas, passe a ter uma velocidade média constante de 24 km/h na via.
Próximas vias
Agora, a SMTU se prepara para implantar o corredor exclusivo nas avenidas Getúlio Vargas e Beira Rio. O município estuda, ainda, a expansão do projeto para outras vias, principalmente após a implantação do Veículo leve sobre Trilhos (VLT) na Capital, com vistas à Copa do Mundo de 2014.
“Existem outros locais em vista, mas não quero detalhar para não gerar expectativas. Está sendo estudando ainda como será o comportamento dos ônibus com o VLT, mas pretendemos implantar em outros lugares de corredores exclusivos para ônibus e táxis”, afirmou Figueiredo.
A próxima da lista é a Avenida Getúlio Vargas, onde hoje é comum, do lado direito, ver carros estacionados para acesso ao comércio local.
Pedro Alves/MidiaNews |
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Samuel Pereira, comerciante da Avenida Getúlio Vargas: "radicalmente contra a faixa exclusiva" |
“A Avenida Isaac Póvoas é mais larga e lá pode dar certo. Mas aqui na Getúlio Vargas eu sou radicalmente contra. Quando acabaram com a faixa verde, minha joalheria já sentiu. Agora, os clientes não vão poder estacionar do outro lado da avenida? Isso é matar o comércio. Eu acho que deveriam fazer isso em ruas paralelas, não nas avenidas”, reclamou.
Mesmo com algumas pessoas sendo contra, o corredor exclusivo deverá ser implantado na Avenida Getúlio Vargas dentro de, no máximo, 40 dias, segundo o secretário da SMTU.
“Lá a implantação da faixa é um pouco mais difícil porque terá um terminal de integração, uma espécie de miniestação, na Praça Alencastro, o que toma um pouco mais de tempo”, explicou o secretário.
Segundo Figueiredo, a intenção, com a miniestação, é diminuir o tempo de parada dos ônibus na praça, que terá o espaço hoje destinado aos pontos de ônibus “cercado” e com uma catraca para acesso.
Dessa forma, todas as pessoas que adentrarem no terminal já estarão com as passagens pagas e não mais precisarão passar com o cartão eletrônico pela catraca do ônibus, agilizando o fluxo na área e impedindo a formação de longas filas de ônibus.
“Toda vez que os passageiros vão subir no ônibus, forma-se uma fila grande porque as pessoas precisam passar o cartão. Nesse caso, as pessoas já terão pago ao entrarem no terminal e irão apenas embarcar no transporte”, explicou.
Thiago Bergamasco/MidiaNews |
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Especialista em trânsito, Eldemir Oliveira: projeto é necessário e deve ser expandido na Capital |
“Estamos terminando os estudos que mostram como irá se comportar uma faixa exclusiva ali, mas eles já mostram que a implantação será necessária”, disse.
Para o especialista de trânsito, a escolha da Prefeitura por essas três vias preferencialmente foi acertada.
“São vias de capacidade ampliada em relação às outras no sistema, com número maior de faixas de rolamento, mais largas, que permitem esse tipo de intervenção. Além disso, elas atendem pontos estratégicos de embarque e desembarque de passageiros”, afirmou.
Oliveira salientou que, para uma cidade que cresceu sem planejamento e tem capacidade para apenas um terço da frota que hoje circula pelo município, a implantação do corredor de transporte coletivo se tornou uma forma de tentar por ordem no caos.
No entanto, ele ainda defende a implantação de outras mudanças no trânsito da Capital.
“Eu acho que temos considerar isso como positivo, porque se trata de organizar o transporte coletivo. Agora, deveria se avaliar a possibilidade de organizar o transporte individual, como a adoção de uma política, por exemplo, de rodízio. O momento é propício para isso, aproveitando as mudanças [obras de mobilidade] que já estão ocorrendo no trânsito das avenidas Miguel Sutil e Fernando Corrêa, por exemplo”, disse.
"Agora, deveria se avaliar a possibilidade de organizar o transporte individual, como a adoção de uma política, por exemplo, de rodízio"
O engenheiro acredita que, após a implantação do VLT, será necessário expandir a implantação dos corredores de ônibus para regiões periféricas da cidade.
A medida é necessária, segundo ele, até mesmo para integrar melhor o transporte coletivo atual com o novo modal, que irá passar pelas principais avenidas da Capital, como Fernando Corrêa da Costa, Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA) e Tenente Coronel Duarte (Prainha).
“Quando o VLT estiver implantado, isso [faixa exclusiva] deve se estender para os bairros, porque eles possuem alimentadoras e há necessidade de fazer essas intervenções de forma que garanta a frequência no tempo de viagem para alimentação dos terminais e do VLT”, opinou.
Mudanças no itinerário
A implantação de corredores exclusivos implicará na mudança do trajeto de algumas linhas que circulam pela região central da Capital.
Atualmente, já são afetados os ônibus que descem a Avenida Isaac Póvoas e viravam à esquerda, na Rua Joaquim Murtinho, seguindo até à Avenida Getúlio Vargas (atrás da Igreja Matriz).
A manobra, que acabava por “trancar” todas as faixas de rolamento da via e, constantemente, causava longos congestionamentos no trânsito – principalmente, nos horários de pico –, não é mais permitida.
Pedro Alves/MidiaNews |
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Avenida Getúlio Vargas deverá ganhar faixa exclusiva dentro de 40 dias, segundo a SMTU |
Dentro de alguns dias, segundo o secretário, os ônibus que viram à esquerda, na Avenida Tenente-Coronel Duarte (Prainha), em direção à região do CPA, também terão o trajeto alterado.
Após finalizados os estudos, os ônibus deverão subir a Rua Clóvis Hugueney (Seminário), virar à direita, na Rua Dom Aquino – que passa pelo Centro Educacional Maria Auxiliadora (Cema) –, para sair na lateral do ginásio do Colégio São Gonçalo, onde irão virar novamente à direita para ter acesso à Prainha, em direção à Avenida do CPA.
Na Avenida Getúlio Vargas, as linhas de ônibus que hoje “atravessam” a via em direção à Avenida São Sebastião, em direção ao Porto, também deverão ter o trajeto afetado.
O aumento do percurso dos ônibus, porém, não diminui os benefícios que o projeto traz, segundo explicou Oliveira.
“Continua sendo um benefício, porque você tem que garantir a faixa exclusiva em todo o trecho. Apesar do aumento da distância percorrida, o ônibus terá o caminho à frente livre, sem precisar dividir com o transporte individual. Você perde porque a distância é maior, mas ganha na velocidade do percurso”, afirmou.
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20 Comentário(s).
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sara reis 24.09.13 08h33 | ||||
ação louvavel,e quanto ao colégio CORAÇÃO DE JESUS CADÊ OS AMARELINHOS pois todos param em fila dupla como se fossem dona da rua e quem passa por ali e tem que trabalhar tem que esperar.SOCORRO TOMEM PROVIDÊNCIAS URGENTES | ||||
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Thiago Souza 23.09.13 22h00 | ||||
Concordo 100% que deve ter uma via exclusiva pra os ônibus, porem discordo 100% não educar esses motoristas de ônibus a entrar na via dos carros como se fosse os donos da rua. E ai vai multar ou guinchar esses motoristas também ou apenas os motoristas de carros que vão pagar pelo pato? | ||||
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Antonio Mendes 23.09.13 21h08 | ||||
Uma dúvida....se é faixa exclusiva, ou seja, os carros nao podem andar nela, e os onibus devem andar apenas nelas...pq os onibus entao estao desrepeitando a faixa para atravessar???? | ||||
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Marcelo 23.09.13 17h52 | ||||
São mudanças não esperadas que prejudicarão enormemente o comércio local, cujos estabelecimentos comerciais instalados há 10, 20, 30 anos sofrerão perdas irreparáveis, por conta de aumentar de 14 para 24 km/hora a velocidade dos ônibus. a isaac Póvoas não poderia jamais ficar sem o estacionamento na pista direita. Isso tira qualidade de vida do cidadão cuiabano que detem a maior frota de carros que ficará sem uma pista e sem estacionamento e do comercio como dito. Olham apenas para o umbigo e acham que resolveram todos os problemas. | ||||
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carlos 23.09.13 13h23 | ||||
Multas também devem ser aplicadas aos motoristas dos onibus pois os mesmos estao invadindo as outras pistas fazendo ultrapassagens e até ficando meio a meio entre as duas pistas!!! quem vai fiscalizar isso? é so verificar isso logo cedo as 05:45 em diante o desrespeito | ||||
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