KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
A Associação dos Auditores da Auditoria Geral do Estado de Mato Grosso (Assae) revelou, em entrevista ao MidiaNews, nesta quinta-feira (1º), que, diante de inúmeras promessas não cumpridas, por parte da Casa Civil do Palácio Paiaguás e da Secretaria de Administração (SAD), sobre o pedido de revisão salarial e aumento real da categoria, a greve foi a única saída para tentar sensibilizar o Governo.
A categoria decretou greve geral na tarde de terça-feira (28), após uma assembleia-geral. Os servidores cobram reajuste salarial, com a alegação de que o último aumento foi há quatro anos, além de reestruturação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS).
As negociações iniciaram em fevereiro de 2011, com o então secretário-chefe da Casa Civil, Éder Moraes, que, segundo a associação, chegou a assinar um ofício, dando ciência e pedindo providências sobre a tabela salarial proposta pela categoria, que almeja 20% de aumento real.
Outro ponto lembrado pela categoria é a inclusão da revisão de carreira dos auditores, na ata do Conselho Econômico do Governo, em reunião realizada em 21 de dezembro do ano passado. A ata revela que foi estipulada a data de 28 de fevereiro desde ano para ser finalizada essa negociação. Fato que não ocorreu.
“Temos ciência de que o ano de 2011 foi atribulado para o Governo, com pressões de outras categorias por reajuste salarial. Então, continuamos fazendo o trabalho e esperamos o nosso momento. Tudo foi combinado e assinado, mas esse momento não veio. Foram várias promessas não cumpridas, inúmeras, uma verdadeira enganação com os auditores. Tivemos que deflagrar a greve como uma tentativa de sensibilizar o Estado, da importância de nosso trabalho e a necessidade, por merecimento, de sermos atendidos”, disso o presidente da Assae, Ciro Gonçalves.
Ele destacou a importância dos auditores dentro da gestão estadual. A associação fez um comparativo com outros cargos de Governo, como fiscal de tributo, defensor público, delegado de Polícia e procurador do Estado.
A Assae observou que, desde 2006, iniciou-se um processo de disparidade salarial entre essas categorias, que, até o ano de 2002, possuíam vencimentos compatíveis.
“A função de auditor é tão importante quanto à de fiscal de tributo. Enquanto o fiscal busca a arrecadação de tributos, nós organizamos a melhor forma de gastar esse dinheiro, evitando perda de valores desnecessários. Em 2002, nosso salário era de R$ 3,3 mil e dos fiscais, R$ 3,4 mil. Em 2006, o nosso salário passou para R$ 3,7 mil e dos fiscais, para R$ 12,1 mil. Não queremos fazer uma comparação, mas sim ter um reconhecimento de nosso trabalho”, informou o auditor.
Gonçalves lembrou também que, em 2011, mesmo com diversas promessas de aumento não cumpridas, os 49 auditores continuaram motivados e trabalharam com afinco. A finalidade, segundo a Assae, era provar, por merecimento, que a categoria é essencial para o andamento da gestão pública.
“Somente em 2011, os trabalhos que desempenhamos, com as auditorias especiais, relatórios de controle interno, orientações técnicas, recomendações aos gestores estaduais, foram economizados cerca de R$ 144,6 milhões. O aumento que reivindicamos vai custar R$ 1,3 milhão ao ano na folha de pagamento do Governo, menos de 1% da economia gerada”, disse.
Reajuste salarial
Os servidores pleiteiam um reajuste salarial de 20%. A associação justifica que a categoria não recebe aumento há quatro anos, e que o salário está defasado. No total, são 49 servidores, que atendem em todo o Estado. Eles alegam que o piso salarial está muito abaixo da função desempenhada. Atualmente, um auditor recebe cerca de R$ 8 mil mensais.
“O nosso piso salarial é menor que muitos estados do país, mas podemos destacar o Piauí, que possui uma economia e arrecadação muito menor que Mato Grosso e o auditores são mais valorizados”, lembrou Gonçalves.
Outro lado
O secretário de Estado de Administração, Cesar Zilio, disse que as negociações não estão paradas e que decidem, até amanhã, se irão enviar ou não uma proposta salarial aos auditores.
A Assae nega a informação da Secretaria de Estado (SAD), de que estão “conversando” sobre as reivindicações.
Os grevistas revelam que não há conversas nem por telefone e que até o momento, nem a SAD e nem o Governo se manifestaram sobre o assunto.