Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
GREVE DOS CORREIOS
20.09.2012 | 17h40 Tamanho do texto A- A+

Em dois dias, mais de 500 mil cartas não são entregues no Estado

Sindicato afirma que 200 servidores já cruzaram os braços em Mato Grosso

Thiago Bergamasco/MidiaNews

Funcionários em greve estão reunidos na Praça da República, em Cuiabá

Funcionários em greve estão reunidos na Praça da República, em Cuiabá

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Mais de 500 mil correspondências estão presas nas centrais de atendimento da Grande Cuiabá e nas redes de distribuição dos municípios de Mato Grosso. A informação é do presidente do Sintect-MT (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos), Francisco da Silva Adão, que afirmou que esse é o resultado de apenas dois dias de greve dos trabalhadores dos Correios, iniciada na última quarta-feira (19).

A paralisação avança de maneira tímida pelo Estado. Dos 1.525 funcionários da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) em Mato Grosso – sendo 650 carteiros –, apenas 200 pararam as atividades em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, Mirassol D’Oeste, Sinop, Rondonópolis e Juara. O número representa apenas 13% do total do efetivo no Estado.

Thiago Bergamasco/MidiaNews

Carteiros querem melhores condições de trabalho e aumento salarial

Adão está confiante, porém, de que as adesões devem aumentar de maneira significativa até a próxima semana.

Os funcionários estão posicionados em frente à agência central dos Correios, na Praça da República, em Cuiabá, e devem manter a manifestação até sexta-feira (21). Eles aguardam, ainda hoje, o posicionamento dos funcionários de Barra do Bugres e Tangará da Serra.

Caso a greve ganhe a adesão de todos no Estado, a expectativa é de que aproximadamente um milhão de correspondências deixarão de ser entregues por dia em todo o Mato Grosso, sendo 500 mil delas somente na Grande Cuiabá.

Sem acordo


Ontem (19), o TST (Tribunal Superior do Trabalho) determinou que 40% dos funcionários em cada agência mantenham as atividades durante todo o período de greve, sob pena da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares) ser multada em R$ 50 mil por dia.

De acordo com a Federação, a maioria dos funcionários aderiu à paralisação, equivalente a 117 mil de 120 mil empregados. Ao todo, 25 dos 39 sindicatos filiados à Fentect aderiram ao movimento. Os Correios, porém, contrapõem essa informação e afirmam que apenas 9% dos trabalhadores cruzaram os braços.

Durante a audiência de conciliação realizada ontem no TST, nenhum acordo foi fechado.

Thiago Bergamasco/MidiaNews

Em frente à agência central dos Correios, funcionários protestam

Serviços suspensos


Em função da paralisação parcial das operações de distribuição, os Correios divulgaram nota informando que estão suspensos os serviços de entrega rápida destinados à Região Metropolitana de São Paulo e aos estados de Tocantins e Distrito Federal, bem como a oferta do Disque Coleta e da Logística Reversa domiciliária nas regiões citadas.

O presidente do sindicato afirmou que as pessoas que estiverem esperando por correspondências em Mato Grosso deverão procurar as agências ou unidades de distribuição para saber se a encomenda não está retida, aguardando ser entregue.

Reivindicações

O presidente do sindicato afirmou que a paralisação das atividades é a única forma da categoria reivindicar pelo reajuste salarial pretendido, de 43,7%.
A categoria afirma que possui um dos piores salários das estatais. Segundo Adão, o salário inicial de um trabalhador com nível médio nos Correios é de R$ 942, o que, com o reajuste pedido, subiria para R$ 1,5 mil.

Além disso, os trabalhadores pedem a contratação de 30 mil novos funcionários. Somente em Mato Grosso seriam necessárias cerca de 500 novas contratações, segundo o presidente, a fim de diminuir a sobrecarga de trabalho e diminuir o que chamam de “assédio moral” dentro da empresa, que mede a produção de cada trabalhador.

Novas contratações, de acordo com ele, também são necessárias para atender à demanda do Estado e melhorar o serviço prestado à população. De acordo com o sindicato, mais de 150 bairros de Cuiabá e Várzea Grande, por exemplo, não são atendidos pelos carteiros por falta de efetivo. “A pessoa precisa sair de casa e ir até a agência dos Correios para verificar se há alguma correspondência e buscá-la”, disse.

Thiago Bergamasco/MidiaNews

Agências dos Correios amanheceram com faixas de protesto na quarta-feira (19)

Condições de trabalho


O forte calor também é faz parte da lista de reclamações da categoria, que defende a entrega de correspondência apenas no período matutino, deixando as tardes apenas para a realização de trabalhos internos, como triagem das correspondências.

Além disso, o presidente da entidade reclamou da falta de segurança aos funcionários nas agências dos Correios, que realizam alguns serviços bancários, mas não contam com portas giratórias e vigilantes em todas as unidades.

Outro lado


Os Correios afirmam que, durante a paralisação, poderão descontar dos salários dos trabalhadores que aderirem à greve os dias não trabalhados, por conta dos problemas que o ato poderá causar à sociedade.

A empresa garante ainda que tomará as medidas cabíveis para garantir o atendimento à população. No “plano de contingência” estão previstas a realocação de empregados das áreas administrativas, contratação de trabalhadores temporários, realização de horas extras e mutirões para triagem e entrega de cartas e encomendas nos finais de semana.

Em seu site, a empresa afirmou que ofereceu uma proposta de reposição integral da inflação, de 5,2%, sobre os salários e benefícios, garantindo o poder de compra. O salário-base inicial para o cargo de nível médio subiria, então, para R$991,77 e, somado ao adicional de atividade que os carteiros recebem, o vencimento subiria para R$ 1.289,30.

Os Correios destacam ainda que oferecem aos trabalhadores vale transporte, assistência médica, hospitalar e odontológica para empregados e seus dependentes (inclusive na aposentadoria) e adicionais de atividade.

A empresa afirmou que está investindo na melhoria das condições de trabalho e que, nos últimos nove anos, os trabalhadores tiveram até 138% de reajuste salarial, sendo 35% de aumento real.

Outras greves


No ano passado, a categoria permaneceu em greve durante 28 dias. Os Correios descontaram sete dias parados dos vencimentos dos funcionários. Os demais dias parados foram compensados com trabalhos aos sábados e domingos.

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