LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
A greve deflagrada pelos agentes da Polícia Federal, na última terça-feira (7), continua comprometendo a continuidade dos serviços prestados pelo órgão, como emissão de novos passaportes e a fiscalização feita pela PF nas regiões de fronteira.
Durante a greve, os aproximadamente 800 km de "fronteira seca" entre Mato Grosso e a Bolívia estão praticamente “livres” de vigias.
O presidente do Sindicato dos Policiais Federais em Mato Grosso (Sinpef-MT), Erlon José de Souza, defendeu os grevistas e afirmou que, antes mesmo da paralisação dos serviços, já não havia uma fiscalização eficiente ocorrendo nesse limite, por falta de efetivo.
“Temos apenas 47 policiais para cuidar de toda a fronteira com a Bolívia, quando o ideal seria contarmos com 300 agentes federais para fazer a fiscalização de toda essa extensão”, disse.
Souza afirmou ao
MidiaNews que, para que a PF tivesse uma atuação realmente eficaz em Mato Grosso, seria necessário um efetivo de 800 agentes federais, contra os 232 em atuação hoje no Estado, entre policiais, escrivães e papiloscopostas.
A falta de efetivo pode ser sentida também no Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, onde apenas um agente é responsável pelo posto da Polícia Federal, o que também é considerado inadequado pelo sindicato.
“Se acontecer qualquer coisa no aeroporto, é esse agente que tem que resolver. No posto da PF instalado no terminal, deveriam trabalhar, pelo menos, três agentes”, afirmou Souza.
Segundo o presidente do sindicato, o posto continua funcionando normalmente, a exemplo das operações-padrão que acontecem nos demais aeroportos do país, a fim de não prejudicar ainda mais a população e a segurança de quem precisa viajar pelo país.
Thiago Bergamasco/MidiaNews
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Grevistas continuam mobilizados em frente à Sede da PF, na Capital
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Serviços comprometidosO serviço de emissão e entrega de passaportes está sendo mantido pela PF, mas só para aquelas pessoas cujo agendamento já tenha sido confirmado previamente.
As investigações em curso no órgão também deverão ser interrompidas, com os serviços se limitando à guarda de presos e plantões nas delegacias.
A previsão, segundo o presidente do Sinpef-MT, é de que a situação permaneça dessa forma, pelo menos, até quarta-feira (15), quando então o Governo Federal, por meio dos Ministérios do Planejamento e da Justiça, deverá se sentar com os representantes da Fenapef para uma tentativa de negociação.
ReivindicaçõesA falta de efetivo, uma das reclamações feitas pela categoria em todo o país, é uma realidade em todo o Estado, e não apenas nas fronteiras, segundo o presidente.
Os grevistas também pedem por melhores condições de trabalho, reestruturação de carreira e aumento salarial. Com o pedido feito pelos agentes, o piso salarial passaria dos atuais R$ 7,7 mil para R$ 12 mil, a partir do próximo ano.
A saída do diretor-geral da PF, delegado Leandro Daiello Coimbra, também está na lista de reivindicações apresentada pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) à União.
AdesãoDe acordo com informações da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), aproximadamente 70% da corporação aderiram ao movimento de paralisação, e apenas 30% do efetivo foram mantidos para atender a casos emergenciais.
De um total de nove mil servidores, entre agentes federais, escrivães e papiloscopistas, cerca de seis mil cruzaram os braços na última semana.
Um levantamento feito pela Federação apontou que essa greve já é considerada a maior realizada pela Polícia Federal, com adesão de integrantes da corporação nos 26 estados e no Distrito Federal.
Em Mato Grosso, o início da greve foi marcado pela ocupação do prédio da Superintendência em Cuiabá, na Avenida do CPA, onde os agentes continuam mobilizados. Nas delegacias do interior, houve protestos e paralisação dos serviços.
Na última quarta-feira (8), os delegados da PF em Mato Grosso também paralisaram as atividades, por 24 horas, em apoio ao movimento grevista, mas já retomaram os serviços.