LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
A Prefeitura de Cuiabá e a Câmara de Cuiabá irão revisar a planilha de custos apresentada pelas empresas concessionárias do transporte coletivo na Capital, a fim de verificar se houve irregularidades no aumento da tarifa do ônibus municipal, que aumentou de R$ 2,70 para R$ 2,95.
A medida foi tomada após duas horas de protestos em frente ao Palácio Alencastro na manhã desta quarta-feira (9), que reuniu quase 200 pessoas, entre elas líderes da Frente de Luta pela Revogação do Aumento da Tarifa do Transporte Pública de Cuiabá e Várzea Grande.
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"Eles assumiram o compromisso de verificar as planilhas de custos apresentadas pelas empresas e, em caso de constatação de qualquer irregularidade, irão revogar o aumento"
Na reunião realizada entre as lideranças do movimento, o representante da Câmara Municipal, vereador Allan Kardec (PT), os secretários de Governo, Fábio Garcia, e de Trânsito e Transportes Urbanos, Antenor Figueiredo, foi decidido que a apresentação dos relatórios sobre a revisão será feita no dia 5 de fevereiro.
“Eles assumiram o compromisso de verificar as planilhas de custos apresentadas pelas empresas e, em caso de constatação de qualquer irregularidade, irão revogar o aumento”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Dourado.
Os manifestantes deverão se mobilizar em frente à Câmara de Vereadores no dia 5 de fevereiro para receber o posicionamento do governo municipal sobre o assunto. Até lá, as manifestações na Capital deverão ser suspensas, segundo Dourado.
Uma revisão paralela da planilha também será feita pela Frente, a fim de pedir a intervenção do Ministério Público Estadual, caso seja necessário.
“Vamos protestar também no Terminal André Maggi, em Várzea Grande, porque os moradores de lá também sofrem com a má qualidade do serviço e do terminal”, disse Dourado.
IrregularidadesOs manifestantes reclamam que a nova tarifa compromete até 20% da renda do trabalhador que recebe um salário mínimo, hoje fixado em R$ 678, o que força alguns usuários a abandonarem o transporte público e optarem pelo de transportes alternativos, como bicicletas, ou até mesmo andarem a pé.
Dourado afirmou que o transporte público municipal está sucateado e, com a saída dos cobradores, seria esperada uma redução nos custos dos empresários, o que não justificaria o aumento da passagem.
Além disso, a ausência dos cobradores acabou por colocar em risco a segurança dos usuários, que não mais contam com auxílio no momento de embarque e desembarque dos veículos.

"A equipe de transição não tem nada a ver com o aumento. Nossos atos são independentes dos atos da gestão anterior"
Outro lado
O secretário de governo, Fábio Garcia, afirmou que ainda é cedo para apontar irregularidades no contrato que prevê o reajuste anual da tarifa do transporte público e que deverá convidar os representantes da Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (Ager-MT), que autorizaram o aumento da tarifa, para realizar a revisão das planilhas.
Ele nega, porém, que seja necessária a mudança nos trâmites seguidos hoje pelo Governo Municipal para autorizar o reajuste das tarifas de ônibus. “Vamos primeiro verificar se realmente existe alguma irregularidade, para daí decidirmos se é necessário mudar os trâmites atuais”, afirmou.
O titular da SMTU, Antenor Figueiredo, disse que a Pasta vai verificar toda a frota em uso no município para saber as reais condições do transporte público na Capital. Ele nega, porém, que a gestão atual, sob o prefeito Mauro Mendes (PSB), tenha consentido ou influenciado, de alguma forma, com o reajuste da tarifa.
“Assumimos o governo há sete dias. A equipe de transição não tem nada a ver com o aumento. Nossos atos são independentes dos atos da gestão anterior”, disse.
Aumento da tarifaO aumento “relâmpago” da passagem foi sancionado pelo então prefeito Chico Galindo (PTB) no dia 28 de dezembro, pegando de surpresa mais de 350 mil usuários do transporte coletivo –
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Para justificar o aumento, as empresas alegam aumento no valor do combustível (óleo diesel menos poluente, que seria 23% mais caro que o comum) e reajuste do salário dos empregados.
A integração entre as linhas e o aumento do consumo dos veículos por cada viagem, em virtude dos desvios das obras da Copa do Mundo de 2014, também foram justificativas usadas para o aumento da passagem.