LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
A Associação Matogrossense de Transportes Urbanos (MTU) acusa os trabalhadores do transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande de não cumprirem a determinação do Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT-MT), que prevê a circulação de 50% da frota de ônibus nas duas cidades.
Segundo a MTU, no máximo, 30% da frota formada por 450 veículos estão em serviço nesta segunda-feira (27), prejudicando o serviço prestado aos 330 mil usuários do transporte coletivo na Grande Cuiabá.
A associação já oficializou ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso o pedido para que seja aplicada a multa prevista de R$ 10 mil por dia ao Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de transportes Terrestres de Cuiabá e Região, e aguarda um posicionamento do Poder Judiciário.

"Teve um veículo da Pantanal que foi atingido por pedras, mas que não foram lançadas por alguém da categoria. Provavelmente, foi algum usuário"
A entidade também acusa os motoristas e cobradores em greve de depredar três veículos das empresas Pantanal Transportes e União Transportes.
Na Capital, dois ônibus da Pantanal foram atingidos por pedras lançadas por dois rapazes em uma motocicleta, no bairro 1º de Março e na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA).
Em Várzea Grande, um ônibus da União Transportes, que atende a região do Parque do Lago, também sofreu o mesmo tipo de ato de vandalismo.
De acordo com a MTU, foram quebrados os parabrisas dianteiros e os vidros da porta lateral dos veículos.
Sem vandalismo
Ao
MidiaNews, o diretor de imprensa da entidade sindical que representa os trabalhadores em greve, Erisvaldo Pereira, negou os atos de vandalismo e afirmou ter conhecimento de apenas uma ocorrência isolada, que aconteceu na garagem da Pantanal Transportes.
“Teve um veículo da Pantanal que foi atingido por pedras, mas que não foram lançadas por alguém da categoria. Provavelmente, foi algum usuário”, afirmou.
De acordo com Pereira, a categoria está cumprindo com tudo o que foi determinado pela Justiça – sem obstrução do trabalho dos motoristas escalados e com 50% da frota rodando. Ele afirmou que, se necessário, o sindicato irá recorrer do pedido oficializado pela MTU.
“Foi tudo conversado com os trabalhadores e tudo o que o TRT-MT determinou, nós estamos cumprindo”, disse o sindicalista.
Paralisação
MTU
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Ônibus da União Transportes, atingido por pedras na manhã desta segunda-feira (27)
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A greve dos motoristas teve início à meia-noite desta segunda-feira e, apesar da determinação do TRT-MT, nenhum ônibus saiu das garagens das empresas no horário previsto, às 5h.
Usuários da Capital reclamaram que ficaram por horas aguardando pelos coletivos, em vão. A cidade ficou sem a circulação de ônibus por, no mínimo, cinco horas.
De acordo com a MTU, os veículos começaram a deixar as garagens de ônibus por volta do meio-dia. Ainda assim, o atendimento aos bairros da Capital, até o final da tarde de hoje, ainda era precário.
Segundo o sindicato, houve demora no cumprimento da decisão judicial, mas ela foi acatada pela categoria e será cumprida durante todo o movimento grevista.
LiminarO presidente do TRT-MT, desembargador Tarcísio Valente, ressaltou, em liminar publicada na sexta-feira (24), que a atividade desenvolvida pela categoria é indispensável ao atendimento às necessidades diárias da população, devendo, então, ser mantido 50% da frota de ônibus em circulação, independentemente do horário, durante todo o período da greve.
A liminar prevê ainda que os trabalhadores devem ter livre acesso às instalações das empresas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.
Acordo
MTU
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Um dos veículos da Pantanal Transportes, também atingido por pedras nesta manhã
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Os empresários e trabalhadores alegam que chegaram ao limite máximo de negociação, deixando agora a cargo da Justiça a intermediação das próximas negociações.
Será realizada, na próxima sexta-feira (31), uma audiência para tentativa de conciliação entre os sindicatos, na sede do TRT.
Os trabalhadores pedem por salário-base de R$ 2 mil e concessão de plano de saúde por parte das empresas.
A última proposta feita à categoria pelos empresários, porém, era de aumento de 10,6% no salário-base dos motoristas - hoje fixado em R$ 1,5 mil - e 10% de reajuste para os demais trabalhadores do setor.