LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Os médicos de Mato Grosso prometem paralisar, por tempo indeterminado, o atendimento a todos os planos de saúde - à exceção da Unimed -, a partir de 1º de novembro próximo.
Há possibilidade, também, de um descredenciamento em massa por parte da categoria.
As medidas serão tomadas, segundo a presidente do CRM-MT (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso), Dalva Neves, caso as operadoras de saúde não apresentem propostas de reajustes das tabelas de pagamento, referentes aos honorários recebidos pelas consultas e outros procedimentos.
Por meio da assessoria do CRM, a presidente afirmou que a entidade irá convocar todos os representantes das operadoras de saúde para apresentarem, no dia 24 deste mês, propostas de reajustes das tabelas.
O prazo dado pela categoria para apresentação de propostas será até o dia 31 de outubro.
MovimentoOs médicos do Estado aderiram ao movimento nacional e suspenderam o atendimento a todos os planos de saúde, na última quinta-feira (11), para exigirem, além de reajuste dos honorários, o fim da intervenção das operadoras nas relações médico-paciente.
Na ocasião, a paralisação afetou aproximadamente 100 mil usuários de 35 operadoras de Saúde do Estado.
Os médicos reclamam que, apesar de os usuários arcarem com despesas referentes a reajustes nos valores cobrados pelas operadoras de planos de Saúde, o valor do reajuste não é repassado à categoria.
Em Mato Grosso, os médicos estariam reféns de uma mesma tabela de preços há cinco anos.
Em âmbito nacional, o atraso no repasse dos pagamentos à rede credenciada também é uma reclamação comum da categoria.
Os médicos afirmam que esperam por meses para receber o pagamento de uma única consulta, razão pela qual grande parte dos profissionais, ao menos na Capital, passou a atender apenas de forma particular, sem convênio.
A categoria pede pelo fim do que chama de “interferência antiética” das operadoras na relação médico-paciente, bem como reivindicam a inserção, nos contratos, de índices e periodicidade de reajustes – por meio da negociação coletiva pelas entidades médicas – e a fixação de outros critérios de contratualização.
InsatisfaçãoSegundo o presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), Florentino Cardoso, a Saúde Suplementar vive uma crise em todo o país, com milhões de pessoas recorrendo ao SUS (Sistema Único de Saúde) em detrimento ao atendimento particular, mesmo quando possuem planos de saúde.
Além disso, uma pesquisa recente feita pela Datafolha, em parceria com a APM (Associação Paulista de Medicina), mostra que 77% dos usuários de planos de saúde em São Paulo enfrentam problemas no atendimento, com a superlotação dos hospitais e longas filas de espera – problema que é vivenciado por pacientes em todo o país.
As restrições impostas pelos planos de saúde para a realização de exames e internações em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) também estão na ponta da lista de reclamações de mais da metade dos usuários.