Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
OPERAÇÃO LIVRAMENTO
04.05.2012 | 19h35 Tamanho do texto A- A+

PM integrava a quadrilha que roubava caixa eletrônico

No total, 14 integrantes do bando já foram presos pelo Gaeco, nesta semana

MidiaNews/Reprodução

Paulo Prado, chefe do Gaeco, anuncia a prisão do soldado PM Joel, durante operação

Paulo Prado, chefe do Gaeco, anuncia a prisão do soldado PM Joel, durante operação

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

Um policial militar está entre os 14 integrantes da quadrilha de assaltantes de banco que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça na Operação Livramento, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE).

Joel José da Silva trabalhava no Centro Integrado de Operações de Operações de Segurança Pública (Ciosp) e é apontado como o responsável por orientar os comparsas, no momento da fuga, durante os assaltos.

Segundo o Gaeco, ele tinha acesso ao que combinado entre os policiais envolvidos na caça aos criminosos, copiava as informações e era uma peça importante para o sucesso da ação criminosa.

Esses e outros detalhes foram revelados pelo coordenador do Gaeco, Paulo Prado, e pelo promotor de Justiça, Sérgio Silva da Costa, durante coletiva realizada nesta sexta-feira (4).

Além de Silva, a esposa de um dos líderes da quadrilha, Jeniffer Lemes da Silva, também foi apontada pelo Gaeco como peça importante para a conclusão das ações criminosas.

Casada com Jonas Souza Gonçalves Junior, o “Batman”, Jeniffer era a responsável por dar suporte aos membros da quadrilha, funcionando como uma espécie de “torre de informação”, avisando aos executores quando a atenção da mídia e da Polícia diminuía e era seguro deixar o esconderijo.

“Apesar de não ter atuação direta, ela respaldava o restante da quadrilha com informações a respeito da atuação da Polícia”, afirmou Sérgio Costa.

O promotor ressaltou que a quadrilha era de ação interestadual (chegando a praticar os roubos em dois municípios do Estado de Rondônia) e altamente perigosa.

Isso porque os bandidos escolhiam, por exemplo, caixas eletrônicos de agências de cidades do interior, que, muitas vezes, são localizadas ao lado de residências, acordando moradores no meio da noite com grandes explosões, sem se preocuparem com os danos e mortes que poderiam causar.

“Eles não tinham outro meio de vida. Eles seguiram do Extremo Sul ao Extremo Norte de Mato Grosso, são superarticulados e focaram suas ações no interior do Estado”, afirmou o promotor Sérgio Costa.

Com a atuação do Gaeco, Paulo Prado acredita que haverá uma diminuição na modalidade de arrombamento de caixas eletrônicos no Estado, assim como uma redução, também, nos números de furtos de explosivos dos almoxarifados de mineradoras e grandes construtoras de Mato Grosso – artefatos que, posteriormente, seriam usados pela quadrilha para explosão dos terminais eletrônicos.

Os denunciados irão responder pelos crimes de formação de quadrilha armada, roubos e furtos qualificados e explosões com dinamite.

Foragidos

Até o momento, sete pessoas continuam foragidas: Paulo Donizeti Cardinalli, Jeferson da Silva Moraes, Jom Petson Figueiredo, Airton Rosa de Oliveira, Amadeu Amâncio Ferreira, Baltazar Leandro Pereira Neto e Jonatan Venicio Lemes Silva.

O Ministério Público divulgou as fotos dos criminosos que já foram presos, bem como suas fichas criminais e as funções que cada um exercia na quadrilha – veja o arquivo em anexo.

O promotor do Gaeco pediu para que as pessoas que tenham informações a respeito de algum dos foragidos procurem ligar ao MPE ou Gaeco para denunciar. As ligações podem ser feitas à ouvidoria do MPE, no número 127.

Atuação da quadrilha

A quadrilha, segundo o Gaeco, era dividida em três grandes segmentos (confira o organograma abaixo). Enquanto um grupo era formado apenas por especialistas em explodir os terminais eletrônicos, outros integrantes eram responsáveis por preparar a fuga, enquanto um terceiro segmento se responsabilizava pela escolha dos locais e melhores horários para ação.

“Essa organização criminosa possuía um perfil sofisticado. Tem que ser ‘expert’ nesse assunto (explosão de dinamite) para poder pegar o dinheiro”, avaliou Paulo Prado.

O alto nível da quadrilha dificultou até mesmo as investigações do Gaeco, uma vez que o bando se espalhava pelo interior do Estado. Para o promotor de Justiça, é necessária uma atuação mais rígida por parte das instituições financeiras, a fim de desetimular a explosão dos terminais eletrônicos.

“É também responsabilidade das instituições financeiras, que não colocam dispositivos nos caixas eletrônicos que desestimulem esse tipo de prática. Seja com tinta para sujar as notas, gás para cortar as cédulas. Sem dinheiro, não há estímulo”, afirmou o Sérgio Costa.

A quadrilha atuou em municípios do Estado de Rondônia e teve ações confirmadas pelo Gaeco nas cidades do interior de Mato Grosso, como Nossa Senhora do Livramento, São Pedro da Cipa, Barra do Bugres, Denise, Alto Paraguai, Nortelândia, Nobres e Nova Santa Helena.

Operação Livramento

A operação ganhou este nome porque foi através de denúncias oriundas da cidade de Nossa Senhora do Livramento que o Gaeco conseguiu dar início ao rastreamento da quadrilha.

Ao todo, 20 mandados de prisão preventiva e 22 mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo juízo da Cara di Crime Organizado de Cuiabá.

Dos denunciados que tiveram a prisão decretada, 13 já foram capturados e um chegou a morrer depois de ter sido preso. O corpo de Geovane Santos da Silva está passando pela perícia do Instituto Médico Legal e o laudo sobre sua morte deverá ser entregue aos familiares dentro de 30 dias.

Ele morreu depois de pular muros e subir em telhados enquanto fugia dos oficiais do Gaeco. Apesar de ser socorrido e levado ao Pronto-Socorro de Várzea Grande, Geovane não resistiu aos ferimentos e morreu.

Um rapaz, amigo de Geovane que tentou ajudá-lo na fuga durante a operação, foi preso em flagrante pelo Gaeco, apesar de não ser um dos alvos da operação. Trata-se de Paulo Henrique Santiago Ferreira, 23, que foi detido portando uma pistola ponto 40, escondida no porta-luvas de um Ford Fiesta conduzido por ele. Paulo irá responder por porte ilegal de arma de fogo.

Outro integrante da quadrilha que chamou a atenção por quase conseguir escapar da polícia após ter a prisão efetuada foi Alex Aguiar dos Santos, que atuava como executor no bando. Ele já tinha inúmeras passagens por roubos à mão armada, explosões e corrupção de menores e estava preso no Presídio Ferrugem, em Sinop.

Ele chegou a participar ação recente de fuga na unidade prisional, mas foi recapturado posteriormente pela polícia.

O último integrante, que foi preso durante a realização da coletiva pelo Gaeco, foi Julyender Batista Borges, que já responde a dois processos por roubo a mão armada e posse de arma de fogo de uso restrito e ainda foi indiciado em mais dois inquéritos policiais.

Confira no arquivo em PDF anexado qual a relação de denunciados na quadrilha, bem como as fotos e a participação de cada um no bando.

Abaixo, segue diagrama montado pelo MPE para exemplificar como o bando dividia suas tarefas.

Reprodução/MPE

Diagrama mostra como o grupo se dividia para explodir caixas eletrônicos no interior de Mato Grosso e Rondônia


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V L J  05.05.12 10h49
Não creio que exista somente um, principalmente pelas características da dinâmica dos eventos. Outro porém, é que dado o sucesso das ações e do dinheiro conseguido é fácil cooptar mais gente.
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Lucas Dantas  05.05.12 09h36
EU JÁ SABIA! Não poderia ser diferente, muito fácil as ações destes bandidos, tendo não só cobertura de alguns policias como também participação nelas. Agurdamos em nomes dos valentes e nobres policiais que estes que emporcalha a instituição sejam desimados dos quadros da corporação.
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GERSON SOUZA   05.05.12 09h20
PARABENS GAECO PELO EXECELNETE SERVIÇO. POR QUE MAIS QUE O JUDUCIARIO LIBERA MAS A FUNÇOES DE VOCES É VALOROSA PARA A SOCIEDADE. CONTINUEM NO COMBATE.
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andre taveira  04.05.12 22h31
pitzzz!! TODO DIA TEM NOTICIA DE PM EMVOLVIDO COM O CRIME...afffffff!!!! DEPOIS AINDA TEM UNS "TOULOS" Q DEFENDE OS INFRATORES.
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Alex  04.05.12 20h48
Parabéns GAECO!! Sempre Atuante com policiais de alta qualidade.
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