ANA ADÉLIA JÁCOMO
DA REDAÇÃO
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o rombo de R$ 1,1 milhão na reforma da Câmara de Cuiabá, ocorrido na gestão do vereador Deucimar Silva (PP), vai à Justiça para tentar descobrir o paradeiro dos donos empresa Alos Construtora Ltda., contratada para executar os serviços.
A empresa é representada pelo arquiteto Alexandre Lopes, que, apesar de convocado, não compareceu para prestar depoimento, na tarde desta quarta-feira (21). A ausência aumentou, ainda mais, as suspeitas, levantadas pela comissão, de que a empresa seria "fantasma".
Também serão convocados para depor a presidente da Comissão de Licitação do Legislativo, Izanete Gomes da Silva, e o secretário municipal de Habitação João Emanuel. Ainda não foi divulgada a data dos depoimentos, mas devem ser realizados já na próxima semana.
Há cerca de 30 dias, o presidente da CPI, Edivá Alves (PSD), vem tentando tentado localizar a direção da Alos para notificá-la sobre a oitiva, mas ninguém foi encontrado nos endereços fornecidos. “O documento pedindo providências ao juiz está pronto e, agora, vamos solicitar a presença dos diretores empresa por meio do Poder Judiciário”, disse o vereador.
Pela manhã, Edivá admitiu que poderia convocar as outras duas empresas que participaram da licitação - a Briaze Construtora Ltda. e a Ipê Indústria e Comércio Ltda.
O
Midia News teve acesso às gravações de áudio do depoimento do engenheiro Carlos Anselmo de Almeida, da Prefeitura, que assinou as planilhas e o projeto de reforma da sede da Câmara. Nele, Edivá diz que há suspeitas de que as duas empresas podem ter agido em conluio, em relação à cotação dos preços praticados na obra.
“Poderemos ouvir todas [as empresas], até porque há erros absurdos. As empresas que competiram com Alos apresentaram os mesmos valores, dando conotação de que os preços foram feitos em conluio. Caso a Alos não apareça, vamos ouvir as outras”, declarou.
Em outro momento, ele lembrou que a perícia técnica apresentada, de forma voluntária, pelo Crea e pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias (Ibape), aponta, em relatório, o sobrepreço de R$ 1,1 milhão, revelado por uma auditoria do Tibunal de Contas do Estado, no começo do ano.
"A primeira parte foi concluída. Agora, estamos entrando na segunda e última etapa da oitiva. Quero deixar claro que a CPI é uma comissão de investigação, não vai praticar punição. Vamos ouvir as partes e dizer se foram constatados erros. O resultado do trabalho será enviado à Mesa Diretora", disse Edivá.
CulpadosO vereador Deucimar Silva, que, em 2009 era presidente da Câmara e solicitou a reforma, também será ouvido. Seu depoimento está marcado para sexta-feira (23), às 9h.
O progressista garantiu, na manhã de hoje, ao participar da oitiva do engenheiro Carlos Almeida, que está "tranquilo".
Para ele, quem tem que esclarecer o que, de fato, aconteceu são o próprio engenheiro e o secretário de Habitação, João Emanuel.