Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
CRISE NO MT SAÚDE
26.09.2012 | 15h15 Tamanho do texto A- A+

Hospitais "quebram" se atenderem plano, diz sindicato

Sindesmatt diz que dívida do Estado é estimada em R$ 46,5 milhões

Lislaine dos Anjos/MidiaNews

O presidente do Sindessmat, José Ricardo de Mello: sem pagamento, não há atendimento

O presidente do Sindessmat, José Ricardo de Mello: sem pagamento, não há atendimento

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Com uma dívida estimada em R$ 46,5 milhões, ainda não quitada pelo Governo do Estado, a rede credenciada ao MT Saúde, plano de saúde oferecido pelo Executivo aos servidores públicos estaduais e seus familiares, não tem previsão para retomar o atendimento aos usuários e prevê, até mesmo, falência, caso a assistência continue sem o pagamento necessário.

Em coletiva de imprensa,  nesta quarta-feira (26), o presidente do Sindessmat (Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Mato Grosso), José Ricardo de Mello, afirmou que a rede que vai buscar, na Justiça, a quitação dos repasses em atraso.

“O grande problema é que não temos resposta do Governo. Nós vamos entrar com ação na Justiça para honrar os compromissos com os nossos fornecedores”, disse.

"Nós vamos entrar com ação na Justiça para honrar nossos compromissos com os nossos fornecedores"

Mello acredita que há possibilidade de demissão em massa de funcionários dos hospitais, caso o atendimento aos usuários do plano do Estado seja mantido. Apenas em Cuiabá e Várzea Grande, ele estima que os hospitais empreguem aproximadamente 10 mil pessoas.

“A rede vai ficar sem pagamento e não temos condições de absorver essa dívida. Isso vai quebrar a rede particular. Vamos começar a demitir funcionários. Estamos sem pagar energia, sem pagar os fornecedores, os medicamentos”, justificou.

O sindicalista observou que, sem a quitação da dívida, cirurgias, consultas e exames não serão feitos pela rede credenciada a usuários do MT Saúde, e apenas os serviços de urgência e emergência, que são obrigatórios, serão mantidos pela rede credenciada.

Mello reclamou ainda que a rede conveniada não recebeu nenhum tipo de posicionamento do Estado a respeito da quitação dos débitos pendentes.

“Eles dizem apenas que não há orçamento para pagar. Vamos atender apenas se houver a contrapartida e que seja cumprido o que é fechado em acordo. Sem orçamento, não tem atendimento”, afirmou.

Lislaine dos Anjos/MidiaNews

"Vamos começar a demitir funcionários", diz presidente da entidade

O presidente lamentou ainda o que chama de "falta de gestão do plano", por parte do Estado, o que ocasionou no descrédito do MT Saúde perante à rede de credenciados e acabou penalizando o servidor, que vê o valor descontado em sua folha de pagamento, mas não pode contar com a prestação dos serviços de saúde.

“O atendimento era classe A e deixaram acabar com o plano por problemas de gestão. Falam de um novo modelo de gestão, mas eles estão decidindo isso sem entrar em acordo com a rede. O MT Saúde não tem mais credibilidade para ser atendido pela rede credenciada”, disse.

Dívida


O Estado reconhece uma dívida de R$ 34 milhões com a rede credenciada, hoje formada por aproximadamente 300 instituições, entre hospitais, clínicas e laboratórios.

Desse montante, R$ 18 milhões são referentes à dívida de R$ 44 milhões que o Governo contraiu por serviços prestados e não remunerados de setembro de 2011 a março deste ano.

"O atendimento era classe A e deixaram acabar com o plano por problemas de gestão"

Em abril, essa dívida foi renegociada e o Estado conseguiu um desconto de 10%, fixando o valor do débito em R$ 39 milhões, que seriam quitados em 7 parcelas de aproximadamente R$ 6 milhões. Após honrar o pagamento por quatro meses, o Estado voltou a suspender a quitação do débito, acumulando três meses da dívida.

O restante do débito, R$ 16 milhões, é referente ao não pagamento da OSS (Organização Social de Saúde) São Francisco Saúde, responsável pela gestão do MT Saúde desde abril até outubro deste ano.

A rede aponta, porém, que há ainda atraso no pagamento de serviços prestados após o fechamento de acordo, quando algumas unidades teriam recebido o pagamento em dia e outras estariam com até três meses em atraso, o que resultaria em um débito de aproximadamente R$ 26,5 milhões.

Além disso, uma dívida de cerca de R$ 3 milhões, também por serviços prestados, que foi contraída entre os meses de março e abril deste ano – quando o plano passou por mudanças de gestor – foi somada ao valor total pela rede credenciada.

Pagamento

"A rede vai ficar sem pagamento e não temos condições de absorver essa dívida. Isso vai quebrar a rede particular"

Na última sexta-feira (21), o Estado realizou o pagamento de R$ 4,5 milhões à gestora São Francisco Saúde, valor este que o sindicato diz não ter recebido.

Segundo informações da SAD (Secretaria de Administração do Estado), o repasse feito se refere a metade do pagamento pelos serviços prestados no mês e a gestora escolheu realizar o pagamento de clínicas e médicos, por serem despesas menores.

A assessoria afirmou que o secretário César Zílio afirmou que vai quitar todas as despesas do MT Saúde dentro de até 60 dias.

Além disso, a pasta acredita que, já em outubro, o Estado já terá finalizado a licitação para escolha de uma operadora paralela, que irá oferecer serviços de saúde em valores menores, que serão descontados diretamente da folha de pagamento do servidor.

Essa foi a medida paliativa encontrada pelo Estado para garantir o atendimento aos servidores, enquanto o MT Saúde é regularizado pelo Estado e ganha um novo modelo de gestão, que já está presente em um projeto de lei complementar em tramitação na Assembleia Legislativa – Leia mais AQUI.

MT Saúde


Hoje, o MT Saúde atende a aproximadamente 45 mil pessoas, entre servidores e coparticipantes do plano.

O plano representa o segundo maior faturamento em plano de saúde e realiza a cobrança da mensalidade de acordo com a faixa salarial e etária, bem como o número de dependentes.

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LUCINEIDE DA SILVA  14.10.12 21h48
Estou aguardando decisão judicial para que meu esposo seja atendido em caráter de emergência para colocar uma Protese Endovascular, após ter sido acometido de um AVC.
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José Ribamar Bezerra Sá  27.09.12 10h45
Saúde é coisa muito séria,e consequentemente, não deveria ser gerida por políticos!!
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maria isabel  27.09.12 09h54
Menos senhor presidente, falar em demissão em massa por causa do MT.Irreal. Até parece q vcs só atendem pacientes do MT e os outros planos? e os particulares?. Tem muito servidor q paga MT faz anos e nunca usou atendimento de hospital. só alguma consulta de rotina. Agora vcs querem jogar toda culpa no Mt só porque ele tá na lama.
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ADRIANA  27.09.12 08h46
É MUITO TRISTE MESMO VER UM PLANO SÓLIDO E COM DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO DESMORONAR ASSIM....MATO GROSSO É O PIOR ESTADO PARA SE VIVER...
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Enzi Cerqueira  27.09.12 07h22
Não é o modelo de gestão que vai bem ou mau, mas a administração do Governo SIVAL que é pessima. Lembremos disso nas eleições...
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