Cuiabá, Quarta-Feira, 6 de Agosto de 2025
PLANO DE SAÚDE POLÊMICO
26.03.2013 | 13h41 Tamanho do texto A- A+

"Terceirização foi feita para desviar dinheiro do MT Saúde"

Sindicalista Brunetto diz que há suspeita de superfaturamento e de pagamento de propina

MidiaNews

Gilmar Brunetto aponta o ex-presidente do MT Saúde, Yuri Bastos, como beneficiário de suspostos desvios

Gilmar Brunetto aponta o ex-presidente do MT Saúde, Yuri Bastos, como beneficiário de suspostos desvios

LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O sindicalista Gilmar Brunetto afirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o MT Saúde, na manhã desta terça-feira (26), que o modelo de terceirização do plano, implantando da gestão do ex-presidente Yuri Bastos foi feito "para desviar dinheiro público".

Brunetto, que é presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empaer e membro do Fórum Sindical, denunciou, ainda, a suspeita de que tenha havido superfaturamento nos procedimentos médicos realizados pelo plano.

“Não tenho dúvidas que, ao perceber que estava sendo fiscalizado pelos funcionários, Yuri Bastos resolveu terceirizar a gestão do MT Saúde. Se ele tivesse mantido com aquela estrutura inicial, seria o melhor plano do país hoje. Sem nenhuma terceirização e com uma estrutura mínima, o MT Saúde já atendeu 15 mil usuários neste ano. Isso é uma prova que a estrutura de empresas terceirizadas foi feita foi feita para meter a mão no dinheiro do servidor”, disse o sindicalista.

Brunetto disse que há indícios de que Yuri Bastos tenha financiado sua campanha para deputado estadual com dinheiro desviado do MT Saúde.

“A empresa CRC Connectmed foi contratada na gestão dele, e o Yuri fez campanha milionária. Tem que ver de onde veio esse dinheiro. O Ministério Público já fez uma denúncia e a Justiça determinou o bloqueio de R$ 3 milhões do Yuri. Prova melhor que essa não existe. A Justiça não deve ter bloqueado em cima de denúncias inverídicas”, observou.

O sindicalista apontou, ainda, que há suspeita de desvios envolvendo aquisição de passagens e combustíveis.

“Tem que fazer uma auditoria de tudo que o MT Saúde gastou desde o começo. E o dinheiro desviado tem que voltar aos cofres do MT Saúde, porque os funcionários estão padecendo, enquanto alguns faturaram, e ainda queriam ser representantes do povo nesta casa. Isso é o que nos revolta mais”, disse, referindo-se a Yuri Bastos.

Outro depoente, José Carlos Calegari, que era presidente do Sindicato dos Servidores da Secretaria de Infraestrutura quando o plano foi criado, afirmou que uma das empresas que administrou o plano, a Saúde Samaritano Administradora de Benefícios (SSAB), foi criada 42 dias antes da licitação que resultou na sua contratação, em 2011.

Conforme o MidiaNews já informou, foram 68 dias entre a abertura da empresa e a assinatura do contrato (leia mais AQUI).

“Para piorar, o contrato de R$ 50 milhões entre a Samaritano e o MT Saúde foi publicado em novembro, retroativo a setembro. Em setembro, quando ela foi contratada, era apenas um contrato de R$ 50 mil”, afirmou.

“Quando se contrata uma empresa para operar um plano de saúde, tem que ser uma operadora de plano, não uma empresa de fundo de quintal que acabou de ser criada”, disparou o sindicalista.

Superfaturamento e propina


Gilmar Brunetto disse que há suspeita de superfaturamento, com base em alguns orçamentos feitos por usuários do plano. Ele relatou que uma usuária precisava fazer uma cirurgia e colocar uma prótese, que custaria R$ 47 mil pelo MT Saúde.

“Por outro plano, esse procedimento ficou em R$ 19 mil. Se esses equipamentos são aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por que a diferença de preço?”, questionou.

Ele não quis identificar a servidora, alegando que ela tem medo de represálias, e citou que a mesma constatação de diferença de preço foi feita por outros usuários do plano.

“Um anestesista me disse, mas isso eu não posso provar, que há muito pagamento de propina envolvendo procedimentos feitos pelo MT Saúde. Então, por isso, solicitamos uma relação de todos os procedimentos com prótese, para saber se houve superfaturamento ou não”, completou.

O presidente da CPI, deputado Walter Rabello (PSD), disse que a comissão já solicitou a maioria das informações sugeridas por Brunetto, e que ainda aguardava algumas respostas.

Ressarcimentos

No depoimento, Brunetto destacou também os altos reembolsos feitos pelo MT Saúde a alguns usuários. “Alguns privilegiados tiveram 100% de reembolso. Uma delas é a ex-primeira-dama Terezinha Maggi, que recebeu R$ 600 mil, e outro é o pai do ex-presidente do MT Saúde Yuri Bastos [médico Bastos Jorge]. Pode ser que eles tivessem direito ao reembolso, mas achamos estranho que duas pessoas ligadas ao alto escalão tenham sido beneficiadas dessa forma”, observou.

De acordo com a auditoria independente encomendada pelo Fórum Sindical, Arthur Sebastião Bastos Jorge recebeu, em 2011, R$ 75,2 mil. A segunda que mais recebeu foi Ginara Maria de Meira Scatola, que é servidora da Assembleia, e foi reembolsada em R$ 56 mil.

Conexões

Brunetto destacou, e chamou de “estranha coincidência”, o fato de o proprietário da Remanso Prestadora de Serviços Terceirizados, uma das empresas que teve contrato com o MT Saúde e recebeu pelo menos R$ 8 milhões em pagamentos, ser de propriedade de Hilton Paes de Barros, contador de Yuri Bastos.

Ele ressaltou também o fato de o atual secretário de Administração, Francisco Faiad (PMDB), ser advogado da mesma empresa. Ele mostrou à CPI extratos da Justiça Trabalhista que mostram Faiad como representante legal da Remanso.

“O advogado da Remanso em processos trabalhistas de 2012 era nada mais, nada menos, que Francisco de Anis Faiad. Ele pode advogar pra quem ele quiser, só achamos muito estranho. Pode ser uma coincidência, mas nos chamou atenção”, observou.

O relator da CPI, deputado Emanuel Pinheiro (PR), ponderou que, talvez, o escritório de Faiad cuidasse da causa, mas ele não estivesse diretamente envolvido.

Outro lado

O ex-presidente do MT Saúde, Yuri Bastos, foi procurado pela reportagem para falar sobre as declarações do sindicalista Gilmar Brunetto, mas não foi localizado. Ele não atendeu às ligações para seu celular, até a edição desta matéria.

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8 Comentário(s).

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jeronima maria nardez ribeiro  12.04.13 12h09
jeronima maria nardez ribeiro, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
roberto balbino  26.03.13 17h52
roberto balbino, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
Rodrigo Farinha  26.03.13 17h25
O meu avô, está pagando o MT Saúde há mais de 7 anos, e nos últimos anos nenhum médico tem aceitado esse convênio. Ele paga uma fortuna por mês e não tem coragem de sair do plano. Algum advogado pode nos auxiliar em relação a isso?
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Maristela  26.03.13 14h18
Quanto mais meche, mais sujeira se acha.O grande problema é que quem paga por isso somos nós usuários do MT SAUDE.Só que isso tudo é briga de cachorro grande.Quem sempre sai perdendo é o mais fraco.E os fracos nessa historia toda somos nos usuarios, e com certeza essa história nao vai dar em nada.Ninguem irá devolver o dinheiro que sumiu.E nós continuamos pagando por um plano que nao temos.E pergunto: quem vai nos defender?Quem vai criar um plano para nós?Porque até agora nao vi dar resultado nenhum.E nós ficamos sem atendimento principalmente os usuários do interior.
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Claudio  26.03.13 14h15
Parabens, Sr Gilmar Brunetto. Que bom que existem homens de coragem neste Estado. Agora podemos entender a demora do Sr Secretário de Administração para colocar em funcionamento o MT Saúde. Enfim uma vergonha generalizada.
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