LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Com o início das interdições parciais que ocorreram na Avenida Miguel Sutil e na Avenida Ciríaco Cândia, para realização das primeiras obras de travessia urbana para a Copa do Mundo de 2014, os motoristas passaram a concentrar suas rotas na área central da Capital, formando longos e cansativos congestionamentos, em vias como a Avenida Isaac Póvoas e a Prainha.
Filas quilométricas de carros e longo tempo de espera no trânsito passaram a fazer parte do cotidiano dos cuiabanos, principalmente no período da tarde, com a mudança no horário de expediente nas repartições públicas do Estado. Agora, o "horário de pico" se estende das 17h às 20h, diariamente.
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos (SMTU), aproximadamente cinco mil veículos trafegavam, por hora, pela Avenida Miguel Sutil.
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Lislaine dos Anjos/MidiaNews
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Intervenções na Avenida Miguel Sutil têm obrigado os motoristas a seguirem para a região central
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Com as pequenas intervenções já feitas na Perimetral, grande parte dos motoristas resolveu se deslocar para a região central, aumentando, assim, o volume de veículos trafegando pelas estreitas ruas da Capital.
Para tentar colocar um pouco de ordem no caos, a SMTU e o Batalhão de Trânsito selecionaram dez cruzamentos que irão contar, a partir desta semana, com agentes para orientar os motoristas a exercitarem a paciência e respeitarem as leis de trânsito.
O ponto principal que irá ser reforçado pelos agentes é a necessidade de que os motoristas não “tranquem” os cruzamentos, aumentando ainda mais os congestionamentos.
Tal ação configura infração grave de trânsito e os motoristas que cometerem tal ato serão notificados, podendo vir a perder cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e ter que arcar com uma multa de R$ 127.
De acordo com o diretor de Trânsito da SMTU, Jackson Messias, essa foi a forma encontrada pela administração municipal para tentar disciplinar o trânsito na Capital ao longo dos próximos dois anos, enquanto durarem as obras de mobilidade urbana no município.
“Se o motorista verificar que, mesmo o sinal estando verde, não há como ele atravessar aquele trecho, ele deve aguardar para que tenha condições de atravessar aquela rua. Nessas primeiras semanas, nós estaremos orientando os motoristas e passaremos a notificar aqueles que insistirem em fechar os cruzamentos”, afirmou o diretor.
Messias revelou ao MidiaNews que a SMTU já está fazendo um estudo do tempo semafórico de cada cruzamento, e cogita de aumentar o tempo de sinal verde nas vias que apresentarem um fluxo maior de veículos e que impeçam a fluidez do trânsito.
Além disso, em vias longas, como é o caso da Avenida Isaac Póvoas, o órgão também pretende refazer a sincronização de todos os semáforos, para que, quando o primeiro sinal liberar o trânsito, todos os outros deem o sinal verde em sequência.
“Estaremos pintando algumas áreas também, para reforçar a demarcação de proibido trancar o cruzamento”, disse.
Rodízio
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) apontou que a malha viária de Cuiabá comporta apenas 100 mil veículos, o que passa muito longe da realidade atual do município, que já possui uma frota de 315 mil veículos cadastrados.
Além disso, mais 115 mil veículos cadastrados em Várzea Grande e veículos com placas de outros municípios também trafegam pelas ruas da Capital.
“Nós estamos defasados e essas obras de mobilidade urbana vêm justamente para melhorar a fluidez do trânsito, com vias mais largas”, disse Messias.
Ainda assim, a SMTU descarta a implantação de rodízio de placas na cidade, por achar que não há necessidade no momento, e por falta de agentes para fiscalizar se a ação, realmente, será obedecida.
“É muito prematuro para falar disso (rodízio), até porque não há estrutura humana suficiente para fazer esse controle. Cuiabá ainda não chegou esse ponto”, declarou.
Mudança de comportamento
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Lislaine dos Anjos/MidiaNews
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Diretor de Trânsito da SMTU, Jackson Messias: motorista cuiabano precisa ter paciência
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Para Messias, os motoristas cuiabanos precisam mudar algumas “culturas” para que o trânsito possa fluir na cidade durante as obras da Copa do Mundo. Entre os comportamentos que precisam ser mudados está a mania de sair para o compromisso “em cima da hora” e de procurar vagas apenas em frente ao local que será visitado.
“Tem que ter muita paciência, tem que mudar a cultura. O cuiabano estava acostumado a sair de casa 15 minutos antes de seu compromisso e agora é necessário fazer um planejamento. O motorista cuiabano tem a cultura, também, de parar em frente ao local de destino. Agora, há uma necessidade dele andar um pouco mais”, disse.
Segundo o diretor, a população precisa se acostumar a usar mais os transportes coletivos e aposentar os veículos automotivos quando precisarem fazer curtos deslocamentos.
“Caminhar faz bem à saúde. Aquele trânsito curto que você faz para ir ao mercado, à padaria, você pode ir de bicicleta ou fazer uma caminhada. Isso vai ajudar a melhorar também a saúde dos cuiabanos. São culturas que precisarão ser adotadas pelos próximos anos na Capital”, afirmou.
A Secretaria quer fazer valer na Capital, ainda, a ação “Motorista Solidário”, para diminuir o número de veículos transitando pelas ruas.
“Precisamos praticar a ação do motorista solidário, dando carona para o vizinho que vai para a mesma direção, ou para o filho de um amigo que vai para a escola do seu filho. Na maioria dos carros em circulação, há apenas uma pessoa, que é o condutor”, disse o diretor da pasta.
Previsão de piora
A paciência dos motoristas terá que ser dobrada, ainda, após a interdição total de algumas vias para a construção das obras referentes ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o que deverá aumentar ainda mais o trânsito, principalmente nas avenidas Historiador Rubens de Mendonça (CPA) e FEB.
“Se hoje, com apenas três obras e vias parcialmente interditadas, já estamos vivendo tardes de caos, congestionamentos que os cuiabanos não estavam acostumados, a tendência (com as obras do VLT) é que se aumente ainda mais”, prevê Messias.
O diretor acredita que a oportunidade é única para que os motoristas cuiabanos passem a conhecer realmente a cidade onde moram, explorando não somente os desvios montados pela SMTU, mas analisando as ruas dos bairros e montando para si a melhor rota a ser feita.
“O cuiabano vai ter que entrar nos bairros, conhecer as ruas para encontrar a melhor saída. Orientamos para que tenham paciência”, completou.