Em conversa gravada em dezembro de 2009, o dono da Delta Construções S/A, Fernando Cavendish, afirma que é possível ganhar contratos com o poder público subornando políticos.
A Delta já recebeu mais de R$ 3,6 bilhões em verbas federais desde 2003 e está no centro das investigações da Polícia Federal envolvendo Carlos Cachoeira, preso pela Operação Monte Carlo por envolvimento em jogo ilegal. A PF chega a descrever Cachoeira como um sócio oculto da Delta, o que a empresa nega.
"Se eu botar 30 milhões [de reais] na mão de político, eu sou convidado pra coisa pra caralho. Se eu botasse dez pau que seja na mão dele... Dez pau? Ah... Não é que seja um monte de dinheiro não, mas eu ia ganhar negócio. Ô...", diz Cavendish, que não se refere a um caso específico.
"Estou sendo muito sincero com vocês: 6 milhões aqui, eu ia ser convidado. 'Ô senador fulano de tal, tá aqui. Se convidar, eu boto o dinheiro na tua mão'", continua o empresário.
A gravação foi publicada nesta segunda-feira (16) no blog Quid Novi, do jornalista Mino Pedrosa, que já trabalhou para Cachoeira. Cavendish conversa com dois empresários da Sygma, que atua na área de petróleo e gás, sobre a dissolução de uma sociedade entre eles.
Em nota, a Delta confirmou o diálogo, mas disse que Cavendish usou um tom de "bravata".
"O áudio não representa o que a Delta Construção e seus controladores pensam. Antes de tudo, o que é dito ali tem os verbos flexionados no condicional, como um exemplo hipotético, e foi pronunciado num tom claro de bravata."
Segundo a empresa, os sócios da Sygma gravaram a conversa sem que Cavendish soubesse devido a uma briga entre os três e a divulgação agora tem como objetivo constranger a Delta em meio ao escândalo Cachoeira que será investigado por uma CPI no Congresso. O áudio não consta da Operação Monte Carlo.
"Tanto a Delta Construção como todos os seus acionistas controladores, diretores e executivos têm profundo respeito pelo Congresso Nacional, pelos congressistas, pelas instituições republicanas e pelo Poder Público." A Folha não conseguiu localizar os sócios da Sygma.
A revista "Veja" já havia publicado trechos dessa conversa, em maio passado, sem divulgar o áudio da conversa.
Relação
O jornalista que divulgou o áudio disse ter feito uma consultoria para Cachoeira no passado e que não tem mais relações com ele. Segundo Pedrosa, o contrato era para fotografar a situação da saúde no país quando José Serra era ministro da área e foi feito em parceria com Ricardo Stucket, fotógrafo oficial do ex-presidente Lula. Cachoeira tem negócios no setor farmacêutico.
Foi Pedrosa quem denunciou ao Ministério Público a cobrança de propina pedida por Waldomiro Diniz, então assessor de José Dirceu na Casa Civil, a Cachoeira. O episódio, depois comprovado com um vídeo publicado pela revista Época, provocou a queda de Diniz e levou a criação um ano depois da CPI dos Bingos. Foi o primeiro grande escândalo do governo Lula, em 2004.
Leia a íntegra da nota da Delta:
"O blog do jornalista Mino Pedrosa divulgou no domingo 15 de maio a edição parcial de um áudio gravado clandestinamente em dezembro de 2008 durante reunião na qual se discutia a cisão societária entre as empresas Delta Construção e Sygma Engenharia.
A Delta Construção tem a dizer sobre isso:
1. O trecho é parte editada de uma longa discussão em que os controladores das duas empresas, Delta e Sygma, discutiam em dezembro de 2008 os termos de uma dissociação. Um dos antigos proprietários da Sygma que estão sendo processados pelos controladores da Delta Construção, gravou a longa discussão e pinçou aquele trecho a fim de promover chantagens negociais contra a empresa.
2. O áudio não representa o que a Delta Construção e seus controladores pensam. Antes de tudo, o que é dito ali tem os verbos flexionados no condicional, como um exemplo hipotético, e foi pronunciado num tom claro de bravata.
3. Tanto a Delta Construção como todos os seus acionistas controladores, diretores e executivos têm profundo respeito pelo Congresso Nacional, pelos congressistas, pelas instituições republicanas e pelo Poder Público.
4. Fernando Cavendish Soares reafirma, por sua vez, que o que está dito naquele áudio gravado clandestinamente em dezembro de 2008 não expressa a sua opinião e foi pronunciado em tom de bravata em meio a uma discussão entre ex-sócios que desde então se enfrentam na Justiça."
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5 Comentário(s).
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José Ribamar Bezerra Sá 17.04.12 08h28 | ||||
É impressionante o cinismo e o deboche dessa gente. O pior de tudo,é que essa construtora, e muitas outras delas, envolvidas em falcatruas, continuam tranquilamente a fechar novos contrato com o governo, e nada lhs acontece | ||||
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ferreira 17.04.12 07h46 | ||||
esta empresa delta controla o lixo em cuiaba e quer controlar mais coisas, ministério publico abra os olhos......... | ||||
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Nestor Pompeu Serra 16.04.12 23h26 | ||||
Com certeza, houve um político que arranjou um emprego de engenheiro para um sobrinho numa empreiteira. E de quebra garantiu aos empreiteiros que as obras da Prefeitura e do Estado seriam uma questão de tempo...Que confiança... | ||||
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Julinho 16.04.12 20h15 | ||||
Quem é que nao sabe!!!! | ||||
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Roberto 16.04.12 17h30 | ||||
E descobriram,! "O REI ESTÁ NÚ"Qual foi a novidade apresentada na noticia,o fato notório e sabido da alta cupula e coniventes com o fato. Vou contar uma novidade, nao espalha, Com dinheiro você consegue favores de politico.Sem mixirico. | ||||
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