Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
CADÊ O COBRADOR?
06.03.2012 | 09h35 Tamanho do texto A- A+

Usuários reclamam e Câmara pede explicações à SMTU

Ausência dos profissinais já pode ser notada em algumas linhas e ônibus da Capital

MidiaNews

Sumiço de cobradores preocupa usuários do transporte coletivo em Cuiabá

Sumiço de cobradores preocupa usuários do transporte coletivo em Cuiabá

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

Quem precisa usar as linhas de transporte coletivo da Capital já notou a ausência de uma figura conhecida: o cobrador.

A ação começou a ser implantada em algumas linhas de ônibus e tem gerado reclamações por parte dos usuários, que não se adaptaram ao novo sistema e acreditam que tal prática aumenta a sensação de insegurança e as chances de assaltos aos coletivos.

Os motoristas, por sua vez, reclamam do cúmulo de funções, uma vez que precisam receber o valor da tarifa, passar o troco e, conseqüentemente, aumentam a jornada de trabalho.

Além disso, portadores de necessidades especiais têm reclamado da dificuldade para embarcar ou desembarcar do veículo, uma vez que os motoristas precisam deixar o posto para auxiliar os PNEs na tarefa.

Outra situação complicada é relatada por idosos e crianças que precisam de mais tempo para desembarcar do veículo.

Nos horários de pico, os motoristas não conseguem visualizar as portas traseiras e saber se há alguém desembarcando do veículo. Para isso, eles contam com o auxílio dos cobradores que, normalmente, sinalizam com um toque na campainha do veículo, quando o motorista pode fechar as portas e seguir viagem.

A Câmara de Cuiabá decidiu intervir e, por meio de um requerimento apresentado, na semana passada, pelo vereador Arnaldo Penha (PMDB), cobra explicações da Secretaria Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) sobre a nova medida que está sendo implantada pelas empresas de transportes coletivos.

O vereador reclamou que a normativa passou a ser adotada sem consulta à população ou informação ao Parlamento municipal e afirmou que, se necessário, a Casa deverá solicitar a suspensão da ação, até que as empresas e os funcionários estejam preparados para a nova realidade.

“Entendo como algo que deveria ser esclarecido à população, antes mesmo da implantação, para que fossem ponderados os prós e contras. Para toda mudança, há a necessidade de uma preparação ou uma análise de viabilidade”, afirmou Penha.

Ações na Justiça

Recentemente, a União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairros (Ucamb) ingressou com representações junto ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao Ministério Público do Trabalho (MPT), para reclamar da ausência dos cobradores nos ônibus coletivos da Capital.

De acordo com o presidente da entidade, Édio Martins de Souza, as linhas que atendem aos bairros periféricos e não passam pelo centro de Cuiabá já estão atuando sem cobradores.

No MPT, a representação terá o objetivo de assegurar o emprego dos cobradores, uma vez que toda a categoria poderá ser prejudicada com a modernização das frotas, segundo a Ucamb.

A diretoria da entidade afirmou que o secretário municipal de Transportes Urbanos (SMTU), Josemar de Araújo Sobrinho, propôs a realização de um teste com 12 ônibus da Capital, adaptando-os à modernização do sistema – retirando os cobradores –, ação que recebeu o apoio da Ucamb.

Mas o presidente ressaltou que, “em momento algum, os movimentos comunitários aceitaram a mudança total ou gradativa do sistema atual, apenas a fase de teste”.

Segundo a diretoria jurídica da Ucamb, um empecilho encontrado para a elaboração das representações seria o de que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Cuiabá teria assinado um documento, em 2010, durante uma convenção, autorizando os testes nas frotas de ônibus – circulando sem cobradores –, em troca de aumento salarial.

Constrangimento

A PNE Eumara do Carmo Paz, que se desloca de cadeira de rodas e é usuária do transporte coletivo na Capital, reclama da ausência dos cobradores – notada a pouco mais de um mês. Segundo ela, eles a auxiliavam na tarefa de subir e descer do veículo, operando o elevador.

Ela reclama do constrangimento que sofre, pois alguns motoristas chegam a reclamar por terem que descer do veículo para auxiliar a entrada dos PNEs, e afirma que muitos deles não recebem treinamento suficiente para dar o suporte necessário.

“Sei que eles (motoristas) têm um horário a cumprir e acredito que sozinho eles perdem muito mais tempo para operar o elevador, que permite a minha entrada. Mas algumas vezes me sinto cobaia. Vejo que eles não fazem nenhum treinamento antecipado para realizar o manuseio do equipamento e, principalmente, de como lidar com os portadores de necessidades especiais. Alguns reclamam em voz alta e algo que deveria ser uma ação normal acaba em uma situação constrangedora e até arriscada pela falta de treinamento e capacitação”, reclamou.

Outro lado

A assessoria da Secretaria Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) informou ao MidiaNews que a retirada de cobradores dos ônibus da Capital faz parte de um projeto da pasta, chamado "Cartão do Portador",  e deverá ser implantado, gradativamente, em todas os transportes coletivos da ciadade.

O objetivo do projeto, segudo a assessoria, é tirar o dinheiro de circulação e aumentar a segurança dos usuários e motoristas, uma vez que sem dinheiro em caixa, o número de assaltos aos coletivos deverá diminuir. Como exemplo, a secretaria citou a cidade de Campo Grande (MS), onde não há mais cobradores atuando nos coletivos.

O projeto está em fase de testes em algumas linhas que atendem as regioes periféricas da Capital e com menor número de veículos. A pasta salientou que não haverá acúmulo de funções ao motorista depois que todos os usuários passarem a adotar o cartão-tranporte e que um pouco de "complicação" é comum neste período de aceitação.

De acordo com dados da assessoria, dos 691 postos de cobradores existentes nas três empresas que controlam o transporte público na Capital, 202 já foram excluídos, ou seja, 29% dos funcionários já foram remanejados para outras funções ou fizeram acordos com as empresas para os quais trabalhavam e deixaram o cargo. Cada trabalhador ganhou a garantia de dois anos de estabilidade no emprego, a partir da implantação do projeto.

Sobre o requerimento apresentado pelo vereador Arnaldo Penha, solicitando explicações da pasta, a assesoria afirmou que ainda vai verificar junto ao secretário Josemar de Araújo Sobrinho se ele vai se posicionar sobre o assunto.

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28 Comentário(s).

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Maria Isabel  07.03.12 09h17
Nós dos bairros Tijucal e adjacências pedimos socorro quanta a falta de ar condicionado nos ônibus.
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Maria Isabel  07.03.12 09h14
Até que enfim a Câmara vai se posiciona sobre esse assunto que interessa a população, pois é realmente preocupante a figura do motorista sozinho correndo mais risco de ser assaltado, mas não é só a figura do cobrador que está faltando nos ônibus de Cuiabá, está faltando também AR CONDICIONADO,a passagem aumentou(R$ 2,70)e eles(ar condicionado) sumiram, moro no bairro Tijucal e não tem nenhum ônibus com ar condicionado nas linhas: 507,509,512,504,501,514,540
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francis  07.03.12 07h57
O problema maior é o desemprego,o que vão fazer com os cobradores?
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emerson arthur de oliveira  07.03.12 07h56
BOM DIA! GOSTARIA DE INFORMAR A ALGUNS PONTOS PARA VCS . SOU MOTORISTA DO TRANSPORTES COLETIVO E UMA VERGONHA UMA PREFEITO DE CUIABA E MINISTERIO PUBLICO ACEITAREM ISSO. AGORA O MOTORISTA DIRIGIR E COBRA, E ALGUMAS EMPRESA ESTA FAZENDO PIOR FAZENDO O MOTORISTA ASSINAR UM TERMO DE RESPOSSABILIDADE CAUSO ACONTEÇA ALGUMA " PASSAGEIRO CAIA DO ONIBUNS COM COBRADOR E DIFICIO IMAGINE TRABALHANDO SÓ."HOJE EM CUIABA SÃO MAIS DE 30 LINHA SEM COBRADOR POR QUE A PASSAGEM FOI PARA 2,70 SENDO QUE TEM TANTAS LINHAS SEM COBRADOR.A COMOSSIÃO QUE ELES PAGA UMA VERGANHA VEJA TABELA EM ANEXO. AS LINHA SEM COBRADOR: A01 101 403 A02 102 405 A06 103 411 A07 106 519 A08 109 525 A010 203 613 A014 204 800 A015 205 A022 310 A040 314 A065 323 A069 330 E ASSIM VAI ACABANDO COBRADOR E AUMENTO RISCO DE ACIDENTE.
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kelli silva  06.03.12 23h40
SMTU, Ucamb, Câmara de Cuiabá, MPT e MPE deveriam é ter vergonha de agora querer fazer alguma coisa, no aumento da passagem do transporte coletivo (visto que público não tem nada) não fizeram nada. E agora querem enganar a população demonstrando uma falsa preocupação
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