Cuiabá, Terça-Feira, 17 de Junho de 2025
CRISE NO MT SAÚDE
02.04.2012 | 15h04 Tamanho do texto A- A+

Plano de Saúde acumula dívida e perde 7 mil conveniados

Governo garante normalização com pagamento de dívida a médicos e clínicas

Guilherme Filho/Secom-MT

Secretário César Zílio, da Administração: pagamento de dívida normaliza atendimento pelo plano

Secretário César Zílio, da Administração: pagamento de dívida normaliza atendimento pelo plano

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

Para evitar novos atrasos no pagamento e, por conseqüência, cancelamento no atendimento dos servidores estaduais e coparticipantes do plano MT Saúde, o Governo do Estado irá realizar, diretamente, pelos próximos 60 dias, o pagamento pelos serviços prestados de médicos, clínicas, hospitais e laboratórios conveniados, sem intermediações.

A informação foi dada pelo secretário de Administração (SAD), Cesar Zílio, em coletiva concedida nesta segunda-feira (02).

“O MT Saúde fará uma gestão própria, até findarmos as negociações sobre qual será o novo modelo de gestão a ser adotado pelo plano”, disse o secretário.

Durante os quatro meses em que deixou de realizar os pagamentos à rede credenciada, que vão de dezembro de 2011 até 31 de março deste ano, o MT Saúde acumulou uma dívida de R$ 44 milhões e perdeu sete mil conveniados, que preferiram cancelar o contrato com a autarquia ou migrar para outros planos de Saúde.

De 55 mil beneficiários, o plano de Saúde oferecido pelo Governo passou a contar com apenas 48 mil usuários, o que resultou na perda de R$ 1 milhão no valor arrecadado mensalmente.

Antes, os servidores representavam R$ 6 milhões dos R$ 9,5 milhões arrecadados pelo MT Saúde, sendo o restante injetado pelo Governo. Agora, os conveniados contribuem com R$ 5 milhões e contam com a contrapartida do Estado, no valor de R$ 4,5 milhões.

Parte desses servidores que cansaram de esperar por uma solução para a falta de atendimento por parte do plano é funcionária da Secretaria de Educação (Seduc).

O secretário da pasta, Ságuas Moraes, firmou um contrato com a Unimed Cuiabá, no último mês, dando a oportunidade aos servidores da Educação para que optassem por um plano de Saúde particular, diferente do oferecido pelo Estado.

Conforme Zílio afirmou ao MidiaNews, na última semana, o contrato firmado pela Seduc com a Unimed foi um ato deliberado, sem que a SAD fosse consultada. De acordo com o secretário, o governador Silval Barbosa (PMDB) tampouco foi informado do certame.

Zílio acredita, porém, que os servidores que optaram por um acordo com a Unimed logo voltarão a procurar o MT Saúde e retomarão a parceria, uma vez que irão perceber que os valores praticados pelo plano de Saúde ofertado pelo Estado seriam relativamente inferiores aos do outro plano particular.

O secretário aproveitou para fazer um apelo aos servidores que abandonaram o plano.

“Faço aqui um apelo aos servidores da Educação para que voltem ao plano, porque agora eles serão atendidos normalmente”, disse.

Zílio ressaltou ainda que o pagamento a outros planos de Saúde deverá ser feito de maneira particular por cada servidor, não podendo ser descontado diretamente da folha de pagamento, como é feito atualmente pelo plano do Governo do Estado.

Acordo

O atendimento pelo MT Saúde foi regularizado na tarde da última sexta-feira (30), segundo o secretário, quando a dívida do plano foi negociada com representantes da rede credenciada, conforme MidiaNews antecipou..

Segundo Zílio, o atraso no pagamento dos 1,2 mil prestadores de serviços não foi motivado por falta de recursos em caixa, mas porque o Governo do Estado não concordava com o total em débito apresentado pela rede credenciada.

Segundo os conveniados, o plano estaria devendo R$ 55 milhões em serviços já realizados. Nos últimos quatro meses, o MT Saúde, então, teria suspendido o pagamento para realização de uma auditagem interna, a fim de levantar o valor total da dívida do plano.

“Foi feito um levantamento amplo de todo débito que existia na rede. Existia uma conta que a rede apresentava e que não batia com o que o Estado e o MT Saúde admitiam”, explicou Zílio.

Por fim, a dívida ficou constatada e acordada em R$ 44 milhões, pelo qual o Estado pediu e conseguiu um desconto de 10%, fixando um valor a ser pago de R$ 39 milhões. A dívida será quitada em sete parcelas de aproximadamente R$ 6 milhões, a partir do dia 10 deste mês até o dia 20 de setembro.

Segundo Zílio, há valor em caixa para quitação do débito, sem que para isso os cofres públicos sejam onerados. Isso porque o valor descontado na folha de pagamentos dos servidores, que somam cerca de R$ 20 milhões, não teria sido mexido. O restante da dívida, que será paga pelo governo, já estaria previsto no orçamento do Estado.

Licitação

O lançamento do novo edital para a escolha da empresa que será a gestora do MT Saúde será feito dentro de 60 dias. Enquanto o plano pratica o autogerenciamento, receberá assistência de uma empresa privada.

Zílio afirmou, porém, que os critérios para a escolha de uma nova gestora serão as capacidades técnicas e financeiras oferecidas por ela, comprovando assim que dará conta de administrar o plano.

As empresas Open Saúde e Saúde Samaritano, que foram contratadas – mas não receberam – para gerir emergencialmente o plano nos últimos meses não poderão concorrer à licitação, por impedimento do Ministério Público Estadual (MPE), que notificou o Estado a não mais fechar contrato com alguma das duas empresas.

Na notificação enviada pelo MPE, o promotor Roberto Turin afirma que as referidas empresas não possuem idoneidade técnica, econômico-financeira e de habilitação para cumprir com o objeto do contrato firmado com o Estado.

Em suas investigações, Turin constatou que a “Saúde Samaritano” não possui registro junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para atuar como operadora de planos de saúde, tendo sido criada apenas dois meses antes da assinatura do contrato com o Governo.

Além disso, o atestado de capacidade técnica apresentado pela empresa à SAD (e aceito como legítimo) foi subscrito pela própria “Saúde Samaritano”, o que, automaticamente, o torna inválido.

A “Open Saúde”, por sua vez, é alvo de investigação administrativa pela ANS desde março de 2010, tendo duas notas técnicas emitidas pela Agência, que concluiu pelo risco de inadimplência por parte da referida empresa.

Novo modelo de gestão

O secretário afirmou ainda que, apesar de não ter fechado, junto à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e aos representantes dos sindicatos, qual modelo de gestão será adotado pelo MT Saúde nos próximos anos, a participação dos servidores na direção do plano já é algo certo.

“Precisamos melhorar o MT Saúde, por isso que agora vamos tomar decisões juntos com a comissão da Assembleia Legislativa e com os representantes dos servidores, assim todos serão responsáveis e não há possibilidade de erro”, afirmou.

De acordo com Zílio, a empresa que for contratada para gerir o plano de saúde do Estado não vai mais cuidar sozinha do pagamento à rede credenciada.

“Os servidores estarão inseridos na gestão do plano. Teremos um representante do Fórum Sindical para fazer a fiscalização da empresa e vamos fazer o pagamento nos dias dos vencimentos, sem atrasos”, garantiu.

Ressarcimento

De acordo com o secretário, os beneficiários e coparticipantes do plano que tiveram que gastar além do que é descontado da folha de pagamento para ter acesso aos serviços de saúde – que originalmente deveriam ser cobertos pelo plano – poderão buscar o ressarcimento junto ao plano.

Eles deverão enviar um ofício ao MT Saúde relatando o fato e pedindo pelo ressarcimento. No entanto, Zílio foi categórico ao afirmar que não pode garantir que todos terão o dinheiro devolvido.

“Cada caso será analisado separadamente”, disse.

Zílio não descartou ainda a possibilidade de aumento dos valores cobrados de cada usuário do MT Saúde. O secretário já havia afirmado em outras ocasiões que o valor arrecadado mensalmente pelo plano, de R$ 9,5 milhões, seria pouco para gerir o plano com eficiência e oferecer serviços de qualidade.

Segundo ele, o MT Saúde cobra cerca de R$ 170 per capita, enquanto outros planos, como o Unimed, cobrariam cerca de R$ 200 per capita, dependendo do plano.

“Se o Fórum Sindical concordar e achar necessário, podemos aumentar o valor descontado dos servidores”, afirmou.

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COMENTÁRIOS
19 Comentário(s).

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rosangela silva  08.04.12 08h14
pelo amor de deus ,volta logo o plano mt saude pois meu pai precisa urgentemente fazer uma biopsia tenha compaixão das pessoas senhores secretarios..me ajuda por favor em nome de jesus...tenha amor pelo seus irmaões
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Alex Sandro Xavier de Lima  06.04.12 14h20
O servidores pagam o Plano por meio de Débito em Folha. Portanto, "inadimplencia e atraso 0". Então o Governo deveria, e até agora não o fez, é explicar esse atraso no pagamento à rede credenciada. Nos últimos 5 meses, os servidores pagaram religiosamente, e a rede credenciada não recebeu. Durante esse tempo, onde o dinheiro estava? E por que?
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José Aparecido  03.04.12 10h39
Dr Ronan Jacson tem toda razão. Pode ser mais barato, ter a comodidade do desconto consignado, mas não ter credibilidade. Esse plano e outos deste governo nunca serão os mesmos, pois está provada a incapacidade de gerenciar recursos.
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luiza  03.04.12 09h20
Caro Sr. Secretário, o senhor provavelmente está delirando, onde o senhor vive? Em um País Comunista? Ditadura? Ou DEMOCRATA? Os servidores públicos têm o direito de optar pelo melhor que lhe convêm, não cabe ao sr. decidir o que é melhor para eles. E o sr. é usuário deste plano falido do governo, sua família usa o MT-SAÚDE?
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sonia p barros  03.04.12 08h40
gente pelo amor de deus,,esse secretario é muito ruim,,,até qdo o silval vai manter este sujeito na sad.....
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