KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
A ex-coordenadora da Conta Única do Estado, Magda Mara Curvo Muniz, prestou depoimento, por mais de oito horas, na sede da Delegacia de Polícia Fazendária, nesta quarta-feira (23), e negou a participação no esquema fraudulento, que desviou, pelo menos, R$ 12,8 milhões dos cofres públicos.
No interrogatório feito pelos delegados Cleibe Aparecida de Paula e Rogério Modelli, Magda admitiu que tinha conhecimento dos pagamentos feitos pelo sistema BB Pag, mas que nem sempre conferia os ofícios que eram encaminhados, e que as autorizações vinham assinadas diretamente do gabinete do secretário de Fazenda, Edmilson José dos Santos.
“Em alguns casos, vinham autorizações absurdas assinadas pelo secretário Edmilson, mas, nesses casos, Mauro Nakamura não as assinava. Todavia, eram pagas da mesma forma”, disse Magda, em trecho do depoimento.
Segundo ela, quando os ofícios não vinham assinados pelo secretário, eram assinadas pela secretária-adjunta, Avaneth Almeida das Neves. Em alguns casos, as remessas ocorriam sem assinatura e, mesmo assim, eram pagas.
 |
O secretário de Fazenda Edmilson dos Santos, citado por Magda: autorizações "absurdas"
|
O ex-secretário de Fazenda, Éder Moraes, também foi citado no depoimento de Magda.
“Este [Eder Moraes] enviou um oficio ao Banco do Brasil, determinando que todo o dinheiro proveniente das contas arrecadadoras, à exceção das convênios, fossem transferidos imediatamente para a Conta Única do Estado, a fim de que fossem realizados os pagamentos, o mais breve possível”, disse ela, em parte do depoimento.
Magda revelou também que a maioria dos pagamentos era organizada pelos funcionários terceirizados Edson Rodrigo Ferreira Gomes e Mauro Nakamura, que trabalhava sob seu comando, no setor da Conta Única.
Fabris e LacerdaEm seu depoimento, ela citou também o nome do deputado estadual Gilmar Fabris (PSD), ao discorrer sobre um pagamento de R$ 1.718.936,00, referente a carta de crédito à aposentada Maria Aparecida Oliveira. O pagamento foi feito pela Conta Única através do sistema BB PAG. Segundo Magda, a determinação do pagamento foi ordenada pelo secretário Edmilson dos Santos, a pedido do deputado Fabris.
Segundo Magda Curvo, o servidor Edson Rodrigo tinha "muita ligação" com a família do secretário chefe da Casa Civil José Lacerda.
Indagada sobre há quanto tempo existia a fraude na Conta Única, Magda respondeu que não sabe precisar. Alegou que tem péssima memória e dificuldade de enxergar. Ela disse ainda que não se recorda desde quando trabalhou como coordenadora da Conta Única, mas que foi a autora do projeto que criou o sistema.
Magda Curvo foi encaminhada para a Polinter e deverá ser transferida, na manhã desta quinta-feira (24), para o Presídio Femino Ana Couto May.
Ela deverá ficar em cela comum, pois não possui curso de nível superior. Magda deve ficar presa pelo período de cinco dias, em cumprimento ao mandado de prisão provisória.
Operação Vespeiro Todos os servidores acusados de envolvimento na fraude há foram afastados dos cargos.
Dos 38 mandados de prisão expedidos pela Justiça, 15 foram cumpridos durante a operação. ores foram afastados um dia depois da operação ter sido deflagrada.
Relatório da Auditoria Geral do Estado (AGE) aponta que, desde 2007, cada um dos envolvidos recebia, em média, R$ 9 mil por mês, desde 2007.
A Delegacia Fazendária estima que o desvio dos cofres públicos pode chegar a R$ 18 milhões.
Os acusados vão responder pelos crimes de formação de quadrilha, crimes contra administração pública, falsidade ideológica e peculato.