Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
FARMÁCIA DE ALTO CUSTO
22.01.2013 | 16h45 Tamanho do texto A- A+

Falta de medicação prejudica tratamento de jornalista

Secretaria diz que remédios já foram comprados e aguarda a entrega

Thiago Bergamasco/MidiaNews

Farmácia de Alto Custo: audência de remédios prejudica tratamento de pacientes

Farmácia de Alto Custo: audência de remédios prejudica tratamento de pacientes

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
A falta de remédios na Farmácia de Alto Custo, em Cuiabá, tem prejudicado pacientes que dependem do serviço para dar continuidade aos seus tratamentos de saúde.

Esse é o drama vivido pelo jornalista Nivaldo Queiróz, de 55 anos, que há sete luta contra um câncer de pulmão. Depois de passar por três cirurgias e processos quimioterápicos, Nivaldo parou de responder aos tratamentos usuais e depende do remédio Tarceva 150 mg para dar continuidade ao tratamento contra o câncer.

O remédio é utilizado por pacientes com câncer de pulmão em estágio avançado e age especificamente sobre as células tumorais, sem causar os efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, vômitos, perda de cabelo e neuropatia. A medicação impede o crescimento do câncer.

"É uma situação desesperadora e ridícula, porque de um lado está o poder público, o Estado que não possui o medicamento. Do outro está o médico lhe dizendo que, se não tomar o remédio, você pode morrer dentro de dois meses"

Depois de buscar o remédio a Farmácia de Alto Custo por quase um ano, ele se deparou com a falta do medicamento em dezembro de 2012 e hoje se vê em uma batalha judicial para conseguir o fornecimento no órgão.

“Há um ano, busco esse remédio na farmácia [de alto custo] e estava contente com o funcionamento do SUS [Sistema Único de Saúde]. Porém, quando fui buscar uma nova caixa do medicamento, no dia 16 de dezembro, me disseram que ele havia acabado. Esse remédio é o que me mantém estável e precisei entrar com um processo judicial, no dia 27 de dezembro, para que o Estado o providencie”, afirmou, em entrevista ao MidiaNews.

A situação do jornalista se agravou na última segunda-feira (14), após passar por uma nova consulta com seu oncologista. O médico afirmou que, sem o medicamento, a situação do paciente pode se agravar em dois meses.

“É uma situação desesperadora e ridícula, porque de um lado está o poder público, o Estado que não possui o medicamento. Do outro está o médico lhe dizendo que se não tomar o remédio, você pode morrer dentro de dois meses”, disse.

Radialista e funcionário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) há 29 anos, Nivaldo afirmou que o preço do remédio está completamente fora de seu orçamento. Hoje, uma caixa do remédio, com 30 comprimidos, custa até R$ 8 mil.

“Achei o remédio em uma distribuidora em São Paulo por R$ 6.668. Esse é o valor de uma caixa com 30 comprimidos e eu preciso tomar um por dia. Mas, o meu salário não chega a isso, não tenho como pagar”, afirmou.

O jornalista conta que o seu médico já descartou a possibilidade de uma nova cirurgia para retirada do tumor, uma vez que ele poderia perder a fala e depender de traqueostomia para se comunicar.

“Não quero que tenham pena de mim. Quero que o Estado resolva o meu problema e faça seu papel, usando o dinheiro que é repassado pelo Governo Federal para comprar esse remédio. O poder público faz vista grossa para essa situação”, desabafou.

A jornalista Caroline Pilz, de 26 anos, também depende da Farmácia de Alto Custo para dar continuidade ao tratamento contra artrite reumatóide.

Há um ano, ela utiliza o remédio Arava, sem o qual sofre com dores nas articulações e infecções pelo corpo, devido à baixa imunidade.

“Eu busco o remédio lá há um ano, faço os exames de sangue que eles pedem de três em três meses e, desde o dia 14 de novembro do ano passado, o remédio está em falta. Em dezembro, eu voltei a procurar o remédio, mas eles me pediram para aguardar que eles me ligariam quando chegasse”, disse.

"Não quero que tenham pena de mim. Quero que o Estado resolva o meu problema e faça seu papel"

Uma caixa do remédio utilizado pela jornalista, com 30 comprimidos, custa R$ 300 e dura um mês.

“Eu estou comprando esse remédio na farmácia comum. E quem não tem dinheiro para comprar?”, questionou.

Outro lado


Por meio da assessoria, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) afirmou que o remédio Tarceva 150 mg já foi comprado e que deverá ser entregue a qualquer momento pela empresa distribuidora, na Farmácia Judicial (onde são entregues os medicamentos conseguidos por meio de liminar).

Segundo a assessoria, devido às férias coletivas das empresas, o pedido demorou a ser atendido, mas, após a aquisição, a distribuidora tem até 15 dias para fazer a entrega.

A secretaria afirmou que o remédio Arava também já foi adquirido e chegou na semana passada na pasta. No momento, a secretaria está ligando aos pacientes para avisá-los de que já podem buscar o remédio.

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maxi  23.01.13 21h10
acabei de ler uma reportagem sobre quem administra a distribuição dos remédios de alto custo, aqui neste site sob: "O contrato assinado com o Governo, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES), tem validade de cinco anos e prevê o pagamento de R$ 31.063.020,00 por ano à OSS para gerenciar, operacionalizar e executar as ações e serviços de saúde no hospital. O Ipas já é responsável pelo gerenciamento do Hospital Metropolitano de Várzea Grande e do Hospital Regional de Alta Floresta, além da distribuição e armazenamento de remédios de alto custo da Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (CAF)." Cadê a competêcia e alta qualidade da OSS? O comentário que corre é que a respeito dos atendimentos nos hospitais administrados pelas OSS's são sim, por enquanto, de boa qualidade, porém para ser atendido é preciso indicação de alguém influente. Então não adianta trocar seis por meia dúzia por um custo exorbitante.
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Luiz Mário do Nascimento  23.01.13 08h40
Concordo em número, gênero e grau com o companheiro Mortadella. Tive a grande honra de trabalhar e anunciar todos os dias o nome desse grande profissional e amigo Nivaldo Queiroz. Infelizmente o trabalhador em nosso país é sugado de todas as formas possíveis, mas quando precisa do mínimo de atenção, esbarra em argumentos canalhas e desprovidos de qualquer senso de humanidade. Nivaldo, estamos com você nas súplicas e orações ao nosso Grande Deus. Ele é fiel e nunca nos falta.
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Carlos Roberto \"Mortadella\"  22.01.13 19h50
Nivaldo Queiroz, foi um dos mais talentosos programadores,e operadores de áudio (sonoplasta) da Rádio Cultura de Cuiabá, nos anos 70.O sucesso de um programa de rádio, deve ser creditado em ao menos 40 por cento ao operador.Nivaldo, nem você, nem milhões de brasileiros merecem êsse decaso do sistema público de saúde pública do Brasil. É um lixo!Grande abraço meu irmão!
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Manoel Simplicio da Silva  22.01.13 17h51
Aí é que está o erro do governo ns fslts de planejamento quanto ao controle de estoque visto que eles sabem com antecedencia quantas pessoas e por quanto tempo a pessoa vai precisar do remedio. Aí eu fico penssando, será que o governo não está gastando demais com funcionário, talvez compense o governo fornecer uma requisição a uma farmacia para ela fornecer o remedio. Lá não falta. ter essa farmacia de alto custo é desnecessario porque, ter funcionários ali fica mais caro do que os remedios. O governo deve pensar muito nisso.
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