ANA ADÉLIA JÁCOMO
DA REDAÇÃO
O promotor de Justiça Mauro Zaque afirmou, ontem (19), em entrevista à Rádio CBN Cuiabá, que a iniciativa do defensor público-geral André Prieto de atacá-lo não irá mudar os rumos das investigações em relação à sua gestão. O Ministério Público Estadual moveu uma ação por ato de improbidade administrativa, com pedido de ressarcimento, contra Prieto (veja aqui).
“O Ministério Público tem um dever e não vai ser a ira, a agressão e a ameaça que irão nos demover”, disse Zaque.
Prieto o acusou de agir de maneira "irresponsável", de modo "vingativo", para "aparecer na mídia" - e disse que o promotor teria "pretensões políticas".
Zaque argumentou que, durante os 15 anos em que atua no Ministério Publico, jamais usou seu cargo para se vingar.
“Não é uma questão pessoal, mas sim, de conduta. O Ministério Público recebeu essa denúncia da Ong Moral e as provas são robustas, concretas e evidentes", disparou.
Ele também disse que acredita que o inquérito civil instaurado por ato de improbidade administrativa irá resultar em restituição de dinheiro aos cofres públicos.
Na ação, o MPE pede o ressarcimento de R$ 491.895,76, mais as devidas correções e encargos financeiros. Segundo Zaque, a ação visa a não somente processar o defensor, mas também evitar prejuízos públicos.
Outro ponto questionado pelo promotor, durante a entrevista, foi em relação aos vinte núcleos da Defensoria Pública que foram fechados no interior.
Carros parados
“Negam o acesso da população à Justiça, enquanto a chefia da instituição [Prieto] adquire 186 mil litros de combustível para 13 carros”, criticou Zaque. Segundo ele, Prieto disse que teria locado cerca de 30 veículos, justificando, assim, que tal aquisição teria aumentado o valor gasto com combustível.
Mas a defesa de Pietro foi novamente rechaçada pelo promotor. Zaque disse que há uma empresa de vigilância responsável pela segurança da Defensoria Pública e que por isso haveria provas de que grande parte da frota locada permaneceu estacionada no pátio da instituição por até 80 dias consecutivos.
“Ainda que os carros tivessem circulado, o valor gasto com combustível fica muito além da realidade. Não há justificativa”, pontuou.
“As provas serão analisadas, mas a própria Corregedoria da Defensoria pediu o afastamento do senhor Prietro. Não podemos aceitar que uma pessoas rasgue o dinheiro público. O juiz vai analisar essas provas”, enfatizou.
Dez procedimentos
Segundo o promotor, André Prieto já teria sido ouvido por ele em uma oitiva. Da mesma forma, o chefe de gabinete Emanuel Rosa de Oliveira e o gerente de transportes da Defensoria Pública Hider Jara Dutra. Ambos teriam alegado um gasto de 22 mil litros de combustível por mês, mas Zaque acredita que as investigações podem apontar para um valor muito superior
Mauro Zaque afirmou que existem outros dez procedimentos tramitando contra Prieto no Ministério Público e que ele mesmo está investigando um processo sobre fretamento de aeronaves. Na entrevista, ele não deu mais detalhes sobre essa investigação.