Cobrado pela atual direção, o defensor ressarciu a Amdep. Ele entregou à instituição três cheques perfazendo o total de R$ 24 mil, referentes à venda do carro, um Corsa Classic, placa KAI-5002, comprado por Célio Gomes de Souza. Chamado para dar explicações para o fato, ainda em 2011, ele preferiu não dizer nada.
Essa situação veio à tona na última quarta-feira (28), quando o presidente da Amdep, Munir Arfox, enviou por e-mail um Boletim Informativo aos 140 defensores que atuam no Estado relatando o episódio.
Embora, em nota (veja abaixo), Prieto afirme que o carro foi vendido no final de sua gestão (março de 2011), existem informações de que o carro foi vendido em 2009.
Prieto foi presidente da Amdep na gestão 2009-2011, tendo na vice-presidência o defensor João Paulo de Carvalho Dias, que assumiu a presidência em 4 de março de 2011 e que foi quem conduziu o processo eleitoral para a gestão 2011-2013, para a qual foi eleito Munir Arfox..
Conforme cópia do e-mail, obtida pela reportagem do MidiaNews, Munir (que era tesoureiro na gestão de Prieto) conta que no inicio de julho de 2011, já eleito presidente, convocou uma reunião para discutir a situação da associação. Ao tentarem saber sobre o veículo – licenciamento, eventuais multas etc – descobriram que o carro estava em nome de terceiros.
Sem justificativa
“Entrei em contato com o Dr. André Prieto e pedi sua presença na Amdep, onde o mesmo disse que precisou vender o veículo, porém, não justificou o porquê de não dar entrada do valor da venda para a conta da Amdep, no entanto, comprometeu-se a retornar o valor da venda, o que foi feito dentro de poucos dias (R$ 24.000,00), que está em aplicação na conta da Amdep.”, diz trecho do e-mail enviado aos associados.
Como o e-mail foi enviado no dia 28 de março, entende-se que a frase “o que foi feito dentro de poucos dias” significa que o defensor restituiu o dinheiro provavelmente na segunda quinzena de março. E isso efetivamente aconteceu oito meses depois da conversa em que foi cobrado pelo presidente, após a reunião que aconteceu no dia 1º de julho de 2011.
Munir ressalta que o defensor João Paulo de Carvalho Dias que ocupou anteriormente a presidência da Amdep com a saída de Prieto, não tinha conhecimento da venda do carro. “Apenas faço um parêntese para dizer que a diretoria anterior (Dr. João Paulo) esteve à frente da Amdep por quatro meses e não detectou tal situação (venda do veículo.”
O sumiço do veículo, sem a devida prestação de contas, já era motivo de comentários entre os defensores. A atitude do presidente da Amdep, de enviar e-mail com esclarecimentos, foi para se posicionar formalmente diante da ocorrência. No boletim enviado aos associados, Munir Arfox diz ainda que o assunto tornou-se conhecido de todos os defensores e por isso ele convocou uma assembleia geral para o último dia 5 de março, na qual compareceram apenas 15 associados, entre os quais, André Prieto.
Conforme trecho do e-mail, o assunto foi debatido na assembleia, mas nenhum defensor presente fez qualquer questionamento sobre o assunto. “Após apresentação das contas da Amdep relativas ao primeiro semestre da nossa administração, fiz uma explanação sobre a situação do veículo e disse que o Dr. André estava presente para apresentar as explicações que os associados presentes entendessem necessárias, porém, nenhum dos presentes indagaram (sic) ou pediram (sic) ao mesmo qualquer explicação sobre o veículo, mantendo-se silentes, apesar da explanação sobre o assunto naquela oportunidade.”, escreveu Munir Arfox.
MidiaNews-Reprodução |
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e-mail sobre venda do carro da entidade |
De acordo com o Estatuto Social da Amdep, o presidente não pode alienar (significa transferir ou passar para outro o domínio de alguma coisa) qualquer bem da entidade sem a aprovação da Assembleia Geral.
O artigo 25 diz no item VII que compete ao presidente o seguinte: “Propor à Diretoria a solução para os casos omissos – praticar os atos para aquisição, alienação ou oneração de bens imóveis da Amdep, quando necessários, com autorização da Assembleia Geral”.
Ações no MPE
Andre Prieto tomou posse na Defensoria Pública-Geral em 02 de janeiro de 2011 para o biênio 2011-2012. Recentemente ele foi alvo de uma Ação Civil Pública do Ministério Público por improbidade administrativa baseada em investigações que apontaram a compra de 186 mil litros de combustível, volume considerado “exagerado” considerando o tamanho da frota da Defensoria. Por causa disso, o MPE pede o ressarcimento de R$ 491 mil aos cofres públicos.
Tramitam ainda no Ministério Público 11 ações contra o defensor geral por diversas irregularidades em sua gestão, entre elas, o gasto excessivo com o fretamento de aeronaves e com materiais impressos.
Caso semelhante em Brasília
Em dezembro de 2011 o Ministério Público Federal, em Brasília, denunciou criminalmente por apropriação indébita dois juízes, ex-presidentes da Associação dos Juízes Federais da 1ª Região (Ajufer). A entidade reúne magistrados do Distrito Federal e de mais 13 estados.
Solange Salgado da Silva Ramos de Vasconcelos (presidente por dois mandatos de 2002 a 2006) e Moacir Ferreira Ramos (presidente de 2008 a 2010) foram acusados de vender em fevereiro de 2010, sem autorização da assembleia da Ajufer, a única sala comercial da entidade, no edifício Business Point, no setor de Autarquias Sul, em Brasília.
O dinheiro obtido com a venda, R$ 115 mil, teria sido usado para abater dívidas de empréstimos que os dois mantinham com a Fundação Habitacional do Exército (FHE-Poupex). A denúncia criminal pediu a condenação de ambos, inclusive à perda do cargo de juiz federal. Conforme o Código Penal, a apropriação indébita (artigo 168) prevê pena de 1 a 4 anos de reclusão, mais multa.
Outro lado
O presidente da Amdep, Munir Arfox, só falará sobre o assunto quando retornar de uma viagem, a partir do dia 9 de abril.
Já o Defensor Público-Geral, André Prieto, disse, por meio de sua assessoria, que o veículo foi vendido com valor acima do mercado e que o dinheiro recebido pela venda, cheques pré-datados, foi entregue ao presidente da Amdep.
Confira a nota enviada pela Assessoria de Imprensa da Defensoria Pública-Geral:
O veículo modelo Corsa, da Associação Mato-grossense de Defensores Públicos (Amdep), foi vendido no final do mandato do então presidente André Luiz Prieto porque se encontrava bastante desgastado e os custos de manutenção tornaram inviável sua utilização pela associação.
O preço de mercado, à época da venda, era de R$ 18 mil, e a negociação foi efetuada pelo valor de R$ 24 mil, portanto acima do estimado.
O referido automóvel foi vendido mediante cheques pré-datados, que foram repassados ao atual presidente da Amdep. O dinheiro encontra-se depositado em conta da Associação, mediante aplicação financeira.
Hoje, o valor estimado desse mesmo veículo, em bom estado de conservação, é de R$ 16 mil. (fonte site Usado Fácil)
Houve, portanto, um ganho para a Amdep de pouco mais de R$ 8 mil. Dr. André Prieto tem recibo emitido pelo atual presidente da Associação, Munir Arfox, que comprova o repasse desses valores.
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6 Comentário(s).
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Rodriges 03.04.12 09h42 |
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JOÃO ALCANTARA 02.04.12 11h21 | ||||
PARABÉNS AO MÍDIA NEWS PELO FATO APURADO.JORNALISMO BOM SE FAZ ASSIM: NOTICIANDO A SOCIEDADE NÃO SÓ AS BENFEITORIAS, MAS TAMBÉM, AS INRREGULARIDADES DE GESTÃO DOS NOSSOS GESTORES. | ||||
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Cleiton 02.04.12 10h55 |
Cleiton, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |
Macedão 02.04.12 08h10 |
Macedão, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |
ALZINO BERNARDES DA SILVA 02.04.12 08h01 | ||||
ESPERO QUE AS DUAS ENTIDADES, TOME UMA DOSINHA DE DESCONFIÔMETROS E PRESTEM SERVIÇOS DE GRANDE IMPORTACIAS PARA A SOCIEDADE. TODOS JÁ SABEM, QUE ESSA BRIGA, TEM CUNHO PESSOAL. NÃO SE ESQUEÇAM, QUE RECEBEM SEUS POUPUDOS SÁLARIOS, PAGO COM O DINHEIRO DO CONTRIBUINTE, É PARA PRESTAREM SERVIÇOS E NÃO DESSERVIÇOS AO POVO MATOGROSSENSE. | ||||
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