Cuiabá, Quarta-Feira, 6 de Agosto de 2025
SAÚDE: R$ 50 MILHÕES
27.08.2012 | 17h37 Tamanho do texto A- A+

MPE aciona Estado para garantir repasses da Saúde

Caso dinheiro não seja liberado, instituição propõe o bloqueio de contas públicas

MidiaNews/Reprodução

Promotor Alexandre Guedes quer que bens do Estado sejam bloqueados caso não sejam feitos os repasses

Promotor Alexandre Guedes quer que bens do Estado sejam bloqueados caso não sejam feitos os repasses

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
O Ministério Público Estadual (MPE) ingressou com uma ação civil pública contra o Governo do Estado para garantir o repasse de verbas da Saúde para os municípios do Estado, que se encontram atrasadas e já somam um montante de aproximadamente R$ 50 milhões, de acordo com um levantamento feito pela Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).

O valor refere-se a débitos de 2011 e do ano corrente.

O MPE pede, em liminar, que, dentro de sete dias, após a concessão da decisão em caráter provisório, o Estado regularize os débitos existentes com Cuiabá e Várzea Grande, a fim de garantir o atendimento à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Também pede que o Executivo apresente um cronograma de pagamento de débitos aos demais municípios e prestadores de serviços, que deverão ser quitados em até 60 dias.

O promotor de Justiça que assina a ação, Alexandre Matos Guedes, solicita ainda que o Estado seja proibido de privilegiar as Organizações Sociais (OSS), efetuando o pagamento delas ao mesmo tempo em que faça o repasse aos demais entes municipais, privados e conveniados.

Caso o Estado não possua recursos suficientes para manter os débitos da saúde em dia, o promotor pede para que os gestores públicos retirem recursos de áreas não essenciais, como comunicação, obras e turismo, informando a fonte do recurso utilizado para o pagamento dos débitos.

Em caso de descumprimento de qualquer uma dos requisitos solicitados na liminar, o MPE pede para que o Estado tenha as contas bloqueadas, de maneira a não efetuar repasses a áreas não essenciais enquanto a situação do setor da saúde não for regularizada.

A ação tramita na Vara Especializada da Ação Civil Pública e Ação Popular, sob a responsabilidade do juiz Luís Aparecido Bertolucci Júnior.

“Falta de vontade política”

Na ação, o promotor ressalta que o caos vivenciado hoje pela saúde pública no Estado é resultado de decisões dos atuais gestores e que deve, dessa forma, ser sanado por eles.

“Um dos motivos pelos quais o sistema único de saúde no Estado de Mato Grosso encontra-se funcionando de modo a fazer padecer seus usuários decorre de decisões contemporâneas, tomadas pelos atuais gestores e que podem ser por eles resolvidas, na medida em que elas são resultado de decisões políticas tomadas ao arrepio do ordenamento jurídico nacional”, pontua.

O promotor ressalta ainda que o atraso nos repasses de verbas da saúde aos municípios está sendo feito pelo município “de forma deliberada”, uma vez que mantém em dia o pagamento das OSS por ele contratadas para gerir os antigos hospitais regionais, “privilegiando assim entidades privadas afins à sua política de terceirização de serviços de saúde”.

“O que se denota, portanto, é que não existe escassez de recursos públicos para o repasse devido aos Municípios; o que existe é a opção política – ilegal – de ignorar as necessidades essenciais de vida e saúde da população em detrimento de outros pagamentos preferidos pelo gestor”, argumenta Guedes.

Realidade dos municípios

Segundo informações da AMM, o atraso no repasse das verbas da saúde tem obrigado os gestores municipais a retirarem recursos de outras áreas da administração pública para socorrer a saúde e garantir o atendimento à população.

“Isto traz muitas dificuldades para os prefeitos que têm feito um verdadeiro malabarismo para atender a população”, defende o presidente da Associação, Meraldo Figueiredo Sá.

Alguns municípios têm investido até 20% do seu orçamento na Saúde, 5% a mais do valor obrigatório, mas ainda não é o suficiente. Com isso, ficam comprometidos os programas básicos de atendimento à população, como o Programam Saúde da Família (PSF), Farmácia Popular, Saúde Bucal, tratamento de endemias e compra de medicamentos de alta e média complexidade.

“Além disso, os gestores são periodicamente notificados pelo Ministério Público para atender a comunidade. Os prefeitos reclamam da demora na transferência dos recursos, que são fundamentais para o atendimento básico da população”, disse.

Outro lado

Em maio deste ano, durante o Encontro de Prefeitos na AMM, o governador Silval Barbosa (PMDB) chegou a reconhecer o problema e garantiu que os recursos seriam liberados para quitar os débitos contraídos desde o ano passado. A assessoria da AMM afirmou que pagamentos já haviam sido feitos, mas um novo levantamento seria realizado para calcular quanto da dívida ainda resta a ser paga.

De acordo com a assessoria da Secretaria de Estado de Saúde (SES), o Estado está passando por algumas dificuldades financeiras, mas mais de 65% da dívida já foi quitada.

Referente aos valores constitucionais devidos, o governo reconhece apenas a dívida de três meses (abril, maio e junho), que deverão ser pagos conforme a dotação orçamentária do Estado.

Confira abaixo a íntegra da ação civil pública protocolada pelo MPE:

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COMENTÁRIOS
4 Comentário(s).

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Pedro  28.08.12 22h35
Ainda bem que em MT temos promotores como este, com garra. O motivo de falta medicamentos no estado e o não pagamento a fornecedores, o que e uma vergonha! Compra e não paga!
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Orecy  28.08.12 19h24
Até que enfim alguém tentando salvar a saúde em Mato Grosso. Só Jesus na causa!
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ALEXANDRE  28.08.12 11h52
ALEXANDRE, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
Ivvan aparecido da silva  27.08.12 18h29
O mt saude não esta funcionando não por causa dos funcionarios,por os descontos ja são feito em folha.
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